Sydney - É nas braçadas que o triatlo masculino brasileiro deve decidir suas chances de medalha na Olimpíada de Sydney. Segundo o técnico da seleção, Marcos Paulo Reis, a natação sempre foi o ponto fraco dos representantes do País no esporte e, por isso, mereceu maior atenção dos atletas na fase de treinamento. Neste sábado, às 20h, horário de Brasília, Armando Barcellos, Leandro Macedo e Juraci Moreira querem mostrar que o esforço deu resultado.
"Existem pelo menos 25 competidores com chances de medalha e os nossos três triatletas estão entre eles", diz Reis. "Mas para que tenhamos condições de pódio, nossos atletas precisam sair da água junto com o primeiro pelotão e manter esta posição na prova de ciclismo”. O treinador explica que, se os competidores perderem o pelotão, terão de fazer muito mais esforço na prova de ciclismo por não contar com o vácuo e já entrarão para corrida, ponto forte do Brasil, desgastados.
"Não somos favoritos, mas temos chance", diz Juraci. Segundo ele, o triatlo é um esporte individual que pode reservar muitas surpresas porque depende "do dia" do atleta. "Só posso dizer que de minha parte vou competir tranqüilo, porque sei que sou jovem e poderei participar de outras Olimpíadas”.
Armando Barcellos ressalta que disputar os Jogos é um sonho que foi realizado com muita luta. O triatleta, junto com os dirigentes da Confederação Brasileira de Triatlo (CBTri) e da União Internacional de Triatlo (ITU), lutou para garantir que ficasse com ele a vaga conquistada com o quinto lugar nos Jogos Pan-Americanos de Winnipeg. "Entrei na lista dos classificados duas vezes e saí duas vezes", conta. "Mas posso garantir que isso afetou meus treinamentos de forma mínima e estou pronto para dar meu melhor."
Juraci e Armando conhecem bem a pista, pois disputaram uma etapa do Campeonato Mundial no mesmo local da prova olímpica. Já Leandro Macedo terá o desafio de conseguir um bom resultado em uma pista onde jamais competiu. "Mas, pelo que percebi nos treinamentos, é uma pista difícil, técnica, mas que tenho boas condições conseguir resultado."
A única preocupação da equipe brasileira é a chuva. "Se chover vamos ter alguns pontos bem escorregadios", diz Barcellos. No entanto, a situação deverá ser melhor do que na etapa do Circuito Mundial pois alguns dos pontos onde aconteceram acidentes na competição foram cobertos com tapete abrasivo, que evita derrapagens.
Segundo o chefe de equipe, Lauter Nogueira, um dos pontos positivos do grupo é que ninguém se deixou afetar pelo fato de estar disputando os primeiros Jogos, uma vez que o triatlo faz, em Sydney, sua estréia. "Já vi muita gente perder a Olimpíada na Vila Olímpica", diz. Segundo ele, a experiência de conviver próximo dos maiores esportistas do mundo costuma deslumbrar alguns atletas, que acabam tendo um desempenho abaixo do normal. "Aqui todo mundo encarou numa boa."