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Vila Olímpica é "parque de diversões"
Sábado, 16 Setembro de 2000, 13h48

Sydney - Durante uma Olimpíada existem atletas que, concentrados, só saem da concentração para treinar e competir, em busca de recordes e medalhas. Mas para quem não tem ambições tão altas e já está satisfeito só em participar da festa, a Vila Olímpica é um convite ao lazer e ao relaxamento.

E haja energia para ser gasta nas máquinas de diversões eletrônicas, butiques, restaurantes e lanchonetes da vila. Os refrigerantes são de graça, fornecidos por um fabricante que espalhou máquinas por todo canto. Os jogos eletrônicos também são liberados, sem custo, assim como o uso dos computadores para envio de e-mails e das salas de música e leitura.

A delegação de Cabo Verde trouxe apenas dois atletas a Sydney, um velocista e um maratonista. O melhor tempo do velocista é 12s31, 2s11 mais alto, por exemplo, que o índice mínimo estipulado pela Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt).

Ou seja, as chances de classificação pelo menos à final são quase nulas, mas cinco outras pessoas acompanham os dois atletas, entre eles um jogador juvenil do basquete, trazido para ganhar experiência e ter contato com grandes estrelas do esporte mundial.

"O fato de estarmos aqui simboliza a vitória de um país que tem sérios problemas econômicos", explica Gustavo Ventura, técnico de atletismo. As cerca de 100 máquinas de diversões eletrônicas do salão de jogos passam os dias ocupadas. O mesmo acontece com as mesas de bilhar e pebolim, sempre cercadas por técnicos e atletas de delegações como Turquia, Bielo-rússia, Guatemala, Argélia, Mongólia, Nigéria e Usbequistão.

Atletas do Paquistão, de camisa e gravata, passam boa parte do dia nas mesas de bilhar. Os cubanos, normalmente recatados fora das competições, não resistem e se divertem nas máquinas que simulam corridas de automóveis, motocicletas e jet-skis.

No cyber-café montado por um dos patrocinadores da festa, dezenas de atletas formam filas para ter acesso a um terminal de computador e navegar na internet. "Vou mandar um e-mail para minha namorada, em Buenos Aires", explicava Fernando Redondo, canoísta argentino.

Do lado de fora, de chinelos e bermunda, passeava Svetlana Kouzina, capitã da seleção de pólo aquático da Rússia . "Essa é minha primeira Olimpíada e estou curtindo muito", disse. Ela garante que não está na Austrália a passeio. "Viemos buscar uma medalha".

Dificilmente se vê um atleta de Estados Unidos, por exemplo, desfrutando dos prazeres proporcionados pelo salão de jogos ou pela butique, na qual se compra de moletons oficiais dos Jogos por 80 dólares australianos (cerca de R$ 90) a pins alusivos à Olimpíada de Sydney por 7 dólares australianos em média (8 reais).

Compras, por sinal, aproveitou para fazer esta semana o nadador Aytekin Mindan, inscrito nas provas de 200 e 400 metros nado livre. Sem nenhuma pretensão de medalha, ele dividiu seu tempo entre os treinos e as compras de agasalhos esportivos, sungas, meias e presentes para a família.

"A Vila Olímpica é fantástica, tem local para compras, diversões e boas acomodações", explicou. O prêmio pago pela Turquia para quem conquistar uma medalha de ouro é uma casa e um punhado de moedas de ouro. Mindan, pelo jeito, vai continuar fazendo compras com o próprio dinheiro.

Agência Estado

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