Sydney - Nem João Carlos Soares de Barros, nem Ulysses Silva, treinadores da equipe brasileira de boxe. O psiquiatra Roberto Shinyashiki tem sido o principal "técnico" do peso médio Cleiton Conceição nas últimas semanas. Com palavras de incentivo, Shinyashiki se encontra periodicamente com o pugilista e tenta fazer com que Cleiton supere a timidez e a insegurança para fazer uma boa estréia no torneio de boxe dos Jogos Olímpicos, neste domingo, contra o norte-americano Jeff Lacy. A luta começa às 23 horas (13 horas de segunda-feira em Sydney), no Exhibition Halls e tem o norte-americano como favorito.
Se dependesse apenas das palavras de Shinyasiki, no entanto, o peso médio brasileiro já poderia comemorar. "Ele (Shinyashiki) coloca o Cleiton lá em cima, faz o atleta pensar que pode", afirma o técnico Barros. Essas conversas, segundo o treinador, são necessárias. Em sua opinião, Cleiton tem bom preparo físico, não enfrenta problemas para manter o peso no limite de sua categoria (75 quilos) e tecnicamente vem evoluindo. O problema é que precisa de palavras de apoio mesmo em lutas diante de adversários tecnicamente mais fracos. "O boxe é 80% preparo físico e técnico e 20% preparo psicológico", avalia. "Em Cuba, durante o Pré-Olímpico, Cleiton só conseguiu a vaga após algumas broncas", diz o treinador. Para explicar as chances do brasileiro no combate de hoje, Barros recorre a um chavão do psiquiatra Shinyashiki. "Vai ser difícil, mas, com vontade e pensamento positivo, tenho certeza que o Cleiton chega lá".
Domingo, também às 23 horas, sobe ao ringue outro brasileiro, o peso Valdemir dos Santos Pereira. Sertão, como é conhecido, lutará contra o australiano James Swan, um adversário de currículo modesto (seu melhor resultado é um terceiro lugar na Copa do Mundo da China, em 98) e que terá como principal aliada a torcida australiana. O brasileiro tem boas chances de passar à segunda rodada do torneio de boxe, que tem cinco lutas. Ao conquistar três vitórias, o pugilista já está na semifinal e tem garantida uma medalha de bronze nos Jogos Olímpicos. A derrota significa a eliminação. Na história do pugilismo brasileiro, apenas o peso mosca Servílio de Oliveira conseguiu o feito, na Olimpíada do México, em 1968.