Sydney - A rivalidade entre Brasil e Austrália no vôlei de praia deve ficar só na areia. Pelo menos até duas duplas desses países se enfrentarem, brasileiros e australianos estarão solidários nas arquibancadas.
No sábado, primeiro dia de competição na quadra de Bondi Beach, as duas torcidas amarelas cantaram juntas e trocaram apoio na rodada feminina.
Quatro das cinco duplas venceram, mas as brasileiras se deram melhor. Adriana Behar e Shelda fizeram 15 a 3 nas búlgaras Yanchulova e Yanchu, enquanto Sandra e Adriana marcaram 15 a 4 nas cubanas Fernandez e Larrea.
Já as donas da casa tiveram bem mais trabalho. Tholen e Straton perderam para as americanas Jordan e Davis por 15 a 13. Também numa partida disputada, Cook e Pottharst passaram pelas mexicanas Gaxiola e Galindo por 15 a 11.
O placar mais folgado das australianas foi 15 a 9, obtido pela dupla Gooley e Manser contra as italianas Gattelli e Perrotta. Todas, porém, contaram com o apoio de brasileiros e australianos, que fizeram um verdadeiro carnaval fora da quadra.
Apesar da anunciada rivalidade, acirrada pela reclamação dos brasileiros contra o favorecimento dos australianos no cruzamento das chaves, não se viu qualquer animosidade na platéia. Ao contrário, os torcedores locais procuraram os brasileiros para pedir uma camisa amarela.
"Como as cores são as mesmas fica mais fácil, mas acho que eles gostam da festa que a gente faz", arriscou o bancário Edilson Viana, que veio de Sorocaba (SP) para assistir à Olimpíada.
"Torço pelo Brasil, porque eles têm o melhor time", explicou o eletricista australiano Kevin Malone, que saiu da quadra com uma camisa da torcida brasileira vestida. "Acho que vou torcer pelo Brasil até na final, porque não acredito que as australianas cheguem lá."
Sucesso também fez o folclórico Bola Sete, torcedor conhecido das praias brasileiras, com os seus 220 quilos ressaltados por uma enorme camisa amarela. Bola levou mais de 30 minutos para conseguir sair da quadra, depois de posar com centenas de torcedores. "Nós amamos este homem", exclamou um australiano mais exaltado.
Quem não gostou nada dessa história foram os mexicanos. "Vocês são culeros, traidores", reclamou Mauricio Sunderland, empresário de Cancún, que não se conformava com o apoio da torcida brasileira à dupla da Austrália contra as mexicanas.
"Como vocês fizeram isso, depois que torcemos para vocês em 1970 e em 1986", protestou Mauricio, lembrando as duas Copas do Mundo realizadas no México. "Tivemos que ser diplomatas", tentou explicar Bola ao indignado mexicano.
"Eles são os donos da casa e estão nos tratando muito bem." Mauricio não aceitou muito bem, mas ainda assim fez questão de tirar uma foto ao lado do brasileiro. "Vamos ficar de olho em vocês na dupla masculina", avisou. Ao saber da tradução de "culeros", acrescentou: "Se fizerem a mesma coisa, vamos começar a gritar puxa-sacos."