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Levantadora de peso vive sonho olímpico
Domingo, 17 Setembro de 2000, 18h19

Sydney - Com as mãos sangrando, a levantadora de peso Maria Elizabete Jorge saiu do Sydney Enternainment Center orgulhosa. E tinha motivos para isso. Aos 42 anos, a ex-lavadeira e atleta mais velha da categoria de 48 kg, superou toda a falta de estrutura e os preconceitos para ficar entre as dez melhores na primeira disputa do levantamento de peso feminino em uma Olimpíada.

"Não foi fácil competir com meninas que têm metade da minha idade e um equipamento melhor para treinar", explicou Elizabete, 10ª colocada na sua categoria. "Mas, consegui o objetivo de ficar entre as dez primeiras e entrar na história como a primeira brasileira a competir nesse esporte", comemorou.

Apesar de satisfeita, a halterofilista acha que poderia ter se saído melhor. Ela ergueu 75 kg, dez a menos do que a primeira colocada, a búlgara Izabela Dragneva. Em outras competições, Elizabete já havia levantado os mesmos 85 kg, mas não acreditava muito na repetição desta marca por causa de suas condições físicas.

De acordo com a levantadora de peso, no Brasil ela tem de treinar com barra masculina, porque não existe uma feminina, que é três milímetros mais fina. "Treinei muito com uma barra mais grossa e isso causou algumas lesões no antebraço", contou Elizabete. Pior do que isso, ela não estava acostumada com a barra utilizada na Olimpíada, que tem um friso para facilitar o encaixe da mão. "Acabei abrindo as duas mãos, que sangraram bastante", lamentou a atleta. "Tentamos fechar as feridas com laser, mas na hora da prova a mão esquerda acabou abrindo de novo e senti muita dor." Depois da última tentativa, Maria abanou para o público e teve seu nome gritado por americanos, búlgaros e japoneses.

Nada disso, porém, diminuiu o seu entusiasmo. Para ela, que retorna ao Brasil nesta terça-feira, a Olimpíada foi uma grande lição e um sonho para ser revivido em 2004. "Vendo as outras atletas, aprendi que preciso melhorar a parte mental e estou muito entusiasmada para passar isso a outras meninas brasileiras que desejem praticar esse esporte", planeja. Mais do que isso, ela pretende voltar aos Jogos Olímpicos daqui a quatro anos.

"Sei que vou estar com 46 anos, mas vou lutar para representar o Brasil de novo", promete. Para quem até alguns anos vivia na agonia de lavar roupa todo o dia e teve seu nome gritado em vários idiomas no outro lado do mundo, quem duvida?

Agência Estado

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