Sydney - As duas maiores esperanças brasileiras do boxe entram no ringue na madrugada de quarta-feira. O meio-médio-ligeiro Kelson Carlos pega o paquistanês Ghulam Shabbir às 5h30 e, no mesmo horário, o meio-pesado Laudelino Barros enfrenta o australiano Daniel Green. A Olimpíada marca a despedida dos dois pugilistas do boxe amador internacional.
Depois dos Jogos, Kelson, que é sparring de Acelino Popó Freitas, deve disputar os Jogos Abertos do Interior e seguir os passos do seu conterrâneo baiano e investir na carreira profissional. O mesmo deve acontecer com Laudelino.
Os adversários dos brasileiros têm pouca expressão internacional. O melhor resultado internacional de Green foi um terceiro lugar na President´s Cup, em Bali, na Indonésia. No entanto, o boxeador tem a vantagem de lutar com a torcida a seu favor. Lino é mais experiente.Além da medalha de prata nos Jogos Pan-Americanos de Winnipeg, o boxeador foi quatro vezes campeão brasileiro e vice-campeão sul-americano em 1998.
O brasileiro não se intimida com o fato de que terá a torcida contra. "Quem não deu sorte foi ele de me pegar!", disse Lino. Ao mesmo tempo, o boxeador afirma que pretende respeitar os adversários. "Os fracos estão fora dos Jogos", diz. "Aqui não tem bobo não." Lino acredita que está bem mais preparado do que nos Jogos Pan-Americanos. "Viajei bastante, para Rússia, Cuba, República Dominicana e Porto Rico - estou bem mais experiente."
Shabbir, adversário de Kelson, tem, como principal luta, justamente o qualifying que o classificou para a Olimpíada. O brasileiro, tem no currículo uma prata no Pan de 1999, além de uma vitória no mesmo sul-americano no qual Lino foi vice, além de dois títulos nacionais. "Para ser sincero, nunca ouvi falar nesse cara", disse Kelson. "Mas isso não é problema porque estou treinado para enfrentar qualquer tipo de adversário", diz o boxeador, explicando que nas categorias amadoras o atleta faz mais de uma luta por dia."
Na segunda-feira, Valdemir Pereira, o Sertão, conquistou a primeira vitória brasileira nos Jogos, contra o australiano James Swan, por pontos. "Fiz tudinho o que ele (o técnico) mandou", conta o brasileiro. "Coloquei os golpes, segurei o gringo quando ele quis fazer graça e tchu, tchu, tchu", explicou enquanto simulava os golpes que aplicou no ar. O boxeador, que já pintou um dedo mínimo de vermelho como cumprimento da promessa à Nossa Senhora Aparecida, por sua classificação para a Olimpíada. Sertão promete pintar a outra unha se ganhar o ouro nos Jogos.