Indianápolis - A emoção de correr em um dos circuitos mais impressionantes do mundo estampou-se logo no rosto dos pilotos da Fórmula 1. A maioria nunca havia estado no complexo de Indianapolis, diferente de tudo que conhecem. Mas, ao mesmo tempo, depois de conhecer o novo traçado, não esconderam sua preocupação com a segurança.
"É tudo muito maravilhoso, mas as curvas 12 e 13 são mesmo perigosas", disse Rubens Barrichello.
Quem gosta de automobilismo e chega pela primeira vez em Indianápolis quase entra em transe. As instalações do autódromo transcendem a imaginação daqueles que apenas viam a pista através de imagens de TV. Nâo é só isso: Indianápolis tem uma atmosfera única, capaz de sensibilizar o mais incrédulo dos homens.
Percorrer a pé o asfalto da reta dos boxes, com as enormes arquibancadas em dois lances testemunhando o passeio, é um convite à regressão aos tempos da mítica 500 Milhas de Indianápolis, prova disputada no circuito desde 1911.
Rubens Barrichello, da Ferrari, Ricardo Zonta, BAR, e o italiano Jarno Trulli, da Jordan, três dos pilotos que ontem visitaram Indianápolis, não gostaram no traçado criado dentro da pista oval mais famosa do mundo.
"Ele me lembrou bastante o kartódromo de Campinas, comentou Rubinho. "Há pontos muito, mas muito sinuosos mesmo."
A parte final do traçado de 4.193 metros ocupa parte da curva 2 e a curva 1 inteira do oval utilizado pela Fórmula Indy.
"Será emocionante contornar essas curvas da pista oval com um carro de Fórmula 1." O muro ao lado o preocupa. "Não dá para entrar na corrida pensando nele, por isso o Felipe Giaffone (brasileiro que corre na Indy Lights) será meu instrutor." E Felipe já deu nesta terça-feira mesmo a primeira lição.
"O muro é duro mesmo." Rubinho comparou a sensação vivida nesta terça-feira com a da quinta-feira anterior a sua estréia na Ferrari, em Melbourne, na Austrália, em março.
"A gente sente aquela ansiedade, aquela vontade de que tudo comece logo." Ricardo Zonta foi mais crítico com a circuito. "O miolo é muito lento, sem graça nenhuma", opinou. "A única parte gostosa são as duas últimas curvas, mas o que elas são perigosas é impressionante, assustam."
Jarno Trulli comentou que os pilotos deverão se encontrar com Charlie Whiting, o delegado de segurança da F-1, a fim de solicitar algumas mudanças. "Há curvas em que a área de escape é em descida, se sairmos do asfalto nós decolamos. Trulli citou ainda algumas zebras capazes de lançar o carro na direção dos muros. Mas ao contrário de Rubinho e Zonta, o piloto da Jordan acredita que não haverá nenhuma dificuldade nas velocíssimas curvas 12 e 13.
"Elas serão percorridas de pé em baixo, facilmente." Todos são unânimes em afirmar que em Indianapolis o público verá ultrapassagens espetaculares. "No fim da reta não será difícil ganhar a posição de um concorrente", previu Rubinho.
"E tudo em frente ao povão nas arquibancadas." O acerto dos carros talvez seja o maior desafio do fim de semana, segundo Rubinho. "Indianapolis apresenta dois setores bem distintos, uma no seu interior, lenta em demasia, e outra externa, de altíssima velocidade."
Michael Schumacher, seu companheiro de Ferrari e vice-líder do Mundial com 78 pontos, também já previra a dificuldade, em especial com a aerodinâmica.
Tanto Michael Schumacher quanto Mika Hakkinen, o líder da temporada, com 80 pontos, não estiveram nesta terça-feira no circuito. Nesta quarta-feira não haverá treino extra, enquanto para amanhã ficou acertado que cada piloto terá dois jogos de pneus a mais, além dos oito tradicionais, para poder permanecer mais tempo na pista, bem como simular uma classificação.