São Paulo - Nesta terça-feira Rubens Barrichello teve o primeiro encontro com a imprensa brasileira depois de ter vencido na Alemanha, dia 30 de julho, pela primeira vez na Fórmula 1. Mas as conversas voltaram-se muito mais para o acidente em que esteve envolvido domingo, em Monza, e no restante da temporada, onde a Ferrari, sua equipe, depois de 21 anos, pode finalmente ter um piloto campeão do mundo, Michael Schumacher.
"Nós pilotos, dirigentes, não temos de passar por isso", afirmou Rubinho referindo-se à possibilidade de serem processados pela justiça italiana pela morte do comissário Paolo Ghislimberti no GP da Itália, domingo.
"Nós estamos lá visando o esporte e se de repente ameaçam nos processar começa a ficar pesado demais." O piloto aproveitou para esclarecer algumas acusações ao alemão Heinz-Harald Frentzen, da Jordan.
"No calor da hora, ali, disse que ele deveria ser suspenso dez corridas e não dez anos."
Sua intenção agora é encontrar-se com Frentzen nos Estados Unidos, onde dia 24 será disputada a próxima etapa da temporada.
"Acho que nossas declarações acabaram sendo distorcidas, pretendo esclarecer o caso pessoalmente com ele."
Em Monza, por ter errado o ponto de frenagem, segundo Rubinho, o alemão bateu na traseira de Jarno Trulli, seu companheiro de Jordan, e na da sua Ferrari, causando o múltiplo acidente da largada. Uma roda desprendida da Jordan de Frentzen matou o comissário. As acusações de Rubinho a Frentzen podem ser utilizadas pela justiça italiana para encontrar um culpado pelo ocorrido em Monza.
"Falei sempre visando o lado esportivo, não policial e jurídico", explicou o piloto.
Sobre a prova na América do Norte, Rubinho comentou que adora os Estados Unidos, e que até já assisitiu, em 1993, uma edição das 500 Milhas de Indianapois.
"Tive a oportunidade de conhecer a pista da F-1 em um jogo de vídeogame e estamos realizando simulações de acertos para o carro na equipe." O traçado a ser utilizado, bastante travado, foi criado pelos norte-americanos dentro da pista oval. A perspectiva da Ferrari em Indianapolis, onde ninguém tem referências seguras desse traçado, é positiva.
"Torço para o Schumacher vencer, ser campeão, isso ajudaria a todos, trabalharíamos sob menos pressão."
Com 49 pontos, na quarta colocação, diante de 80 de Mika Hakkinen, da McLaren, o líder, Rubinho está fora da luta pelo título. "Meus objetivos este ano foram amplamente atingidos, como a vitória em Hockenheim", disse.
Não há na Ferrari planos pré-estabelecidos para ele ajudar Schumacher. "Existem situações como a do Canadá, em que por rádio pediram para não tentar a ultrapassagem."
A temporada foi de grande aprendizado na sua avaliação. "Com sete anos de F-1, achava que tinha pouco ainda a aprender quando cheguei na Ferrari",contou.
"Hoje, no entanto, se começasse o campeonato novamente penso que faria bem melhor com o que aprendi." Ele cita um recurso que o modelo F1-2000 dispõe no volante para exemplificar o que está dizendo: "Há uma manete atrás do volante que aciona o freio-motor e que acaba por auxiliar no balanço do carro."
Por desconhecê-lo até passar a pilotar para a Ferrari, demorou para compreender seu uso correto. "Sou capaz hoje de acertar bem melhor minha Ferrari que no começo do ano."