Brisbane - O jogo com Camarões pode tirar um pouco o foco da dupla de maior evidência na seleção olímpica nas últimas semanas, Ronaldinho e Alex, os dois principais atletas do time e nomes certos na equipe principal.
Por causa da possibilidade de a partida ser decidida na prorrogação, com o "gol de ouro", ou ainda nos pênaltis, o goleiro Hélton passou a receber um pouco mais de atenção e conversou longamente com seu preparador, Paulo Cesar Gusmão.
Hélton tem uma carga de responsabilidade bem maior que os demais atletas. Ele tomou a vaga de Dida nos Jogos em função de suas atuações no Vasco e agora pode estar diante de um grande desafio. "Se houver uma decisão nos pênaltis, estarei preparado", afirmou o goleiro, destaque nos treinos e jogos da seleção. O segredo de tentar defender uma cobrança de pênalti até que existe, mas Hélton prefere não revelá-lo.
Mais importante que tudo, no instante de um lance que pode definir um jogo ou mesmo uma medalha, é a tranqüilidade, segundo Hélton. Ele sabe que milhões de pessoas acompanham a transmissão dos jogos do Brasil e que, muitas vezes, um erro seu pode representar o fim de um projeto. O goleiro, no entanto, compara seu trabalho na seleção com o que faz no Vasco. "De certa forma, é a mesma coisa; preciso estar bem no clube para chegar aqui."
A hipótese de o jogo de sábado terminar com o "gol de ouro" também é encarada com naturalidade por Hélton, cujo desempenho nas cobranças de pênaltis de Ronaldinho e Alex nos treinos tem sido muito bom. Gusmão considera três fatores fundamentais para um goleiro se sair bem em decisões por pênaltis: deve estar bem fisicamente, com as emoções sob controle, e fazer uso da intuição como recurso. Ele lamenta o fato de ter poucas informações sobre os atacantes adversários. "Nessa faixa de idade é muito difícil esse acompanhamento", disse Gusmão.
Uma de suas orientações a Hélton é a de que deve permanecer parado, no meio do gol, na eventualidade de um pênalti. As chances de defesa, de acordo com o preparador, são mais prováveis assim, desde que o cobrador chute a bola "no raio de ação" do goleiro.