Sydney - A quinta série da primeira etapa de qualificação dos 400 metros rasos feminino, disputada na quinta-feira à noite no Estádio Olímpico, teve uma raia sem atleta. O lugar era destinado à francesa Marie-Jose Perec, campeã olímpica dos 200 e dos 400 metros rasos em Atlanta, em 1996, que desistiu de competir em Sydney. A desistência da velocista, de 32 anos, causou uma comoção na Austrália. Não só pela alegação da atleta - teria sido ameaçada de morte por uma pessoa desconhecida -, mas também pelo fato de a corredora ser a principal adversária de Cathy Freeman, a aborígene que acendeu a pira na cerimônia de abertura da Olimpíada e é a preferida da torcida australiana.
Marie-Jose deixou o luxuoso hotel em que se hospedava em Darling Harbour sem pagar a conta. A sua agente, Annick Avierinos, disse que a atleta foi ameaçada por um homem que fingiu ser um entregador de encomendas. Com isso, ela teria ficado assustada e fugido do país. A conta do hotel foi paga pela Reebok, seu patrocinador, que anunciou oficialmente a desistência da corredora.
O hotel não confirma a história da atleta. O superintendente Geoff Kavagli diz ter entregue as fitas das câmeras do sistema de segurança com imagens que comprovam não ter ocorrido nenhum problema. A polícia, que investiga o caso, considera as alegações "inconsistentes".
Os australianos não têm dúvida em afirmar que o verdadeiro motivo da fuga de Marie-Jose foi "medo" de perder a prova. A francesa foi chamada de covarde pelo jornal The Daily Telegraph, de Sydney. O periódico lembra que a corredora passa por uma má fase e que quis evitar o confronto com a favorita Cathy Freeman, atual bicampeã mundial dos 400 metros.
A situação não parece mesmo boa para a atleta, que deixou a Austrália via Cingapura. No aeroporto de Changi, o seu namorado, o norte-americano Anthuan Maybank teria agredido um cinegrafista de uma TV local por ter ficado irritado com a falta de privacidade.
Com a ausência da bicampeã olímpica, Cathy Freeman foi a grande estrela das eliminatória desta sexta-feira, vencendo a sua série, com o tempo de 51s63. Se for campeã da prova, na segunda-feira, Cathy obteve permissão do Comitê Olímpico Internacional (COI) para comemorar na pista com a bandeira dos aborígenes.
Outro atleta que se destacou na sexta-feira foi o cubano Javier Sotomayor, que obteve classificação para a final do salto em altura, marcada para as 4h10 de sábado. Ele superou a marca mínima da qualificação de 2,27 metros, juntamente com outros 12 atletas. O cubano, que cumpriu um ano de suspensão por uso de cocaína, teve sua pena reduzida pela Federação Internacional para que pudesse participar da Olimpíada.