Sydney - A maior esperança de medalha brasileira no atletismo pisa pela primeira vez na pista do Estádio Olímpico de Sydney, nesta quarta-feira. O velocista Claudinei Quirino da Silva, de 29 anos, disputa a primeira rodada dos 200m rasos sem dois adversários de peso por perto.
Os norte-americanos Michael Johnson (campeão olímpico) e Maurice Greene, campeão mundial, não vão disputar a prova, o que aumenta as chances de pódio de Claudinei.
Nem por isso o campeão pan-americano acredita em favoritismo. Claudinei, tão supersticioso que nem quis conhecer a pista do Estádio Olímpico antes de sua prova, chegou a se sentir pressionado de tanto ouvir falar eu teria de ganhar uma medalha.
"Não existe favoritismo sem estar na final. A ordem é pensar em classificação, uma coisa de cada vez", disse Claudinei.
"Faço tudo com amor, dou o máximo de mim, tenho determinação e quero que tudo corra da melhor forma possível", afirmou.
Correr é coisa que Claudinei sabe fazer desde criança. Chegou a tentar jogar futebol, mas corria mais do que a bola. Foi aí que descobriu o atletismo e o mundo. Hoje em dia, o menino de infância pobre conhece muitos países e é reconhecido pelos companheiros de prova, o que o deixa envaidecido.
"Tenho o maior orgulho de representar o meu país e de dizer que sou brasileiro", afirma Claudinei. Ele está treinando há um ano para estes Jogos Olímpicos com o técnico Jayme Netto Junior.
A maior parte da preparação foi feita em Presidente Prudente, onde Claudinei mora com a cadela dálmata She-Ra e gosta de brincar e andar de patinete com a garotada.
"A fama nunca me subiu à cabeça, gosto de sair pela cidade e falar com todo mundo", disse.
Jayme Netto diz que Claudinei está em ótima forma e com a cabeça no lugar. A preparação para a prova dos 200m foi encerrada neste sábado e agora a meta é mentalizar cada detalhe para que tudo dê certo e Claudinei suba no pódio. Fácil, ele sabe que não é.
"Nos 200m, Obadele Thompson de Barbados, Ato Boldon de Trinidad & Tobago e os dois americanos estão entre os favoritos e há outros com chances de vencer", diz Jayme.
O treinador acredita que se Claudinei cravar 20s a medalha é certa. O melhor tempo do velocista é o recorde sul-americano de 19s89.
"A pista tem uma curva muito grande, o que diminui a velocidade da prova. O tempo de 20 segundos é excepcional numa curva como a do Estádio Olímpico", afirmou Jayme.