Sydney - O técnico do boxe brasileiro na Olimpíada de Sydney, João Carlos de Barros, ficou inconformado com a derrota do meio médio-ligeiro Kelson Carlos Pinto para Mahamadkadyz Abdullaev, do Usbequistão. A luta foi encerrada pelo árbitro armênio Derenik Gabriel Yan quando se atingiu a diferença de 15 pontos na contagem (22 a 7) em favor de Abdullaev.
Barros acusou a arbitragem de defender os pugilistas de países que formavam a antiga União Soviética. Na opinião do treinador, Kelson venceu a luta. "Ele deu um show de boxe, mas todos os pontos eram marcados para o adversário", comentou.
Barros também reclamou que Abdullaev deu cabeçadas sem que recebesse nenhum tipo de punição. Ele acredita na existência de uma "máfia", que congregaria integrantes das repúblicas que compunham a antiga União Soviética e que teria como objetivo valorizar os lutadores desses países. "Para ganhar deles, o boxeador tem de ser uma super estrela".
O boxe brasileiro encerrou neste domingo sua participação nos Jogos Olímpicos de Sydney com um saldo de duas vitórias e seis derrotas em oito lutas . Além de Kelson Carlos Pinto e Valdemir Pereira, o Sertão (pena), o Brasil trouxe para os Jogos Olímpicos os pugilistas Agnaldo Nunes (leve), Cleiton Conceição (médio), José de Albuquerque (mosca-ligeiro) e Laudelino Barros (meio-pesado). Desses, quatro (Agnaldo, Cleiton, Albuquerque e Laudelino) não passaram à segunda rodada.
Mesmo com esse retrospecto desfavorável, o treinador acredita que o Brasil está no mesmo nível técnico das melhores seleções do mundo. "Nossos pugilistas precisam apenas de mais lutas internacionais para conhecer os principais adversários em suas categorias".
A comissão técnica da seleção olímpica vai se reunir no Brasil para discutir o futuro da equipe. Kelson e Laudelino vão se profissionalizar.