Rio - Técnicos de vários times que disputam o Módulo Azul da Copa João Havelange consideram insustentável a situação de Wanderley Luxemburgo à frente da Seleção Brasileira. Por unanimidade, eles consideram que os problemas particulares do treinador, como as denúncias de sonegação de impostos e a participação na venda de jogadores, realmente interferiram no rendimento do time nas Olimpíadas. Além disso, nomes como o de Carlos Alberto Parreira, Zagallo e Luiz Felipe Scolari voltaram a ser cogitados para substituir o atual técnico da Seleção.
Carlos Alberto Silva (técnico do Guarani) - Wanderley teria que pedir uma licença, pois passa por momento muito difícil. Ou então a CBF pode deixar baixar a poeira e deixá-lo no cargo. Um novo técnico teria problemas, pois estamos nas Eliminatórias, e faltam menos de dois anos para a Copa do Mundo. Iniciar um trabalho agora seria complicado. Problemas particulares têm afetado o atual treinador, por isso acho que ele deveria tirar uma licença. Há bons nomes para substituí-lo, como o Parreira, principalmente por ter conquistado nosso mais recente título mundial. Mas Levir Culpi, Leão e Luiz Felipe Scolari também seriam bons nomes. Formam uma nova geração.
Nelsinho Baptista (técnico da Ponte Preta) - É prematuro julgar o treinador. Passamos por um momento delicado, que afeta a todos. A diretoria da CBF precisa definir a situação. Cabe ao presidente Ricardo Teixeira a escolha. Não falo em nomes, pois muitos treinadores estão aptos a assumir o cargo. Antes de tudo, é preciso decidir como fica o atual técnico.
Renê Simões (técnico do Santa Cruz) - Não se pode pensar em Seleção falando de pessoas, mas sim em projetos. Não foi esse o caso da Seleção Olímpica. Esse projeto começa com um diretor técnico. A Seleção Brasileira não tem ninguém nesse cargo e, portanto, está capenga. É preciso alguém que administre os problemas, deixando o treinador trabalhar livremente, no campo. Um profissional de planejamento. Se houver opção pela saída do Wanderley, seria interessante a indicação de um nome que já tenha passado por Eliminatórias de Copa do Mundo, como Parreira, Zagallo, Carpegiani e Lazzaroni. Os problemas particulares afetam o grupo, principalmente pelo lado emocional, o que se reflete no rendimento do time.
Antônio Clemente (técnico do Botafogo) - Não há como separar os problemas particulares do Wanderley com o seu trabalho na Seleção. Sem pressão já é difícil, imagine pressionado desse jeito. Não basta tirar ou deixar Wanderley. Alguém teria mais responsabilidade. Quem foi que deixou a situação chegar neste ponto? O técnico exige conduta dos jogadores fora de campo e a dele própria está sendo questionada. Isso cria dúvida e gera problemas de confiança por parte dos jogadores. Zagallo e Parreira, pela experiência, seriam os mais indicados. O técnico tem que estar tranqüilo, com os pés o chão. Quem dirige uma Seleção Brasileira precisa, acima de tudo, gostar do que está fazendo.
Ricardo Gomes (técnico do Vitória) - Acho que ele não vai ficar. O Wanderley deve conversar com amigos e familiares e poderá concluir que a pressão será grande demais. As acusações já existiam e ele deveria ter resolvido tudo logo, pedindo até uma licença. Nomes como o de Zagallo, Levir Culpi, Luiz Felipe Scolari e Parreira são os mais fortes.
Émerson Leão (técnico do Sport) - A pressão é grande por parte da imprensa. Dirigir a Seleção é muito difícil, pois nada foi provado ainda, mas os problemas estão aí. Sob pressão ninguém fica tranqüilo. Essa turbulência toda afetou o rendimento da Seleção. Acho que o Parreira seria um bom nome, pois é o último campeão mundial, tem prestígio e merece respeito. Há outros bons candidatos, mas o Parreira seria o mais indicado. No futebol brasileiro, o Wanderley como qualquer outro, está sujeito a esse tipo de pressão.
Hélio dos Anjos (técnico do Goiás) - Acho que falta competitividade ao futebol brasileiro. Creio que seria melhor a permanência do Wanderley para que dê continuidade ao que vem sendo feito. Vejo apenas dois técnicos brasileiros que conseguem dar competitividade a um time: o Wanderley e o Scolari. Estes sempre formam equipes competitivas.
Celso Roth (técnico do Grêmio) - A CBF precisa se pronunciar rapidamente pois as Olimpíadas já passaram, mas as Eliminatórias estão aí. Concordo que os problemas particulares do treinador interferiram no rendimento da Seleção. Os nomes que estão sendo colocados são capacitados, como Parreira, Zagallo e Scolari. O comando precisa ser forte e equilibrado e acho que justamente esse aspecto afetou o grupo. Foi um equívoco o Wanderley tentar apostar na conquista do ouro olímpico para apagar todos os problemas. Ele pode ter apostado nisso, e não se deu bem.