Sydney - A dupla Zé Marco e Ricardo entra em quadra à 0h de terça-feira (horário de Brasília) na final do vôlei de praia, contra os norte-americanos Blanton e Fonoimoana.
Mais do que a medalha de ouro olímpica, está em jogo o resgate da imagem do vôlei de praia masculino do Brasil.
Na Olimpíada de Atlanta, em 1996, o paraibano Zé Marco formou dupla com o paranaense Emanuel. Eles chegaram como favoritos aos Estados Unidos e foram eliminados ainda na fase de classificação. Enquanto as duas duplas femininas brasileiras disputavam o ouro - Jacqueline/Sandra, a vencedora, contra Adriana/Mônica -, os homens voltavam para casa humilhados, com um modesto nono lugar na bagagem.
Quatro anos depois, Zé Marco e Ricardo querem provar que a situação agora é diferente. Os brasileiros qualificaram-se para a final ontem, ao derrotar os alemães Ahmann/Hager por 15/5, num jogo de apenas 31 minutos. Numa partida dramática, três horas antes, ainda pelas quartas-de-final, eliminaram os canadenses Child/Heese por 15/13. Nos dois testes, eles demonstraram equilíbrio emocional e preparo técnico, qualidades que esperam colocar em quadra na arena montada em Bondi Beach.
"Esta final tem um gosto especial para mim", disse Zé Marco. Nos últimos quatro anos, ele ouviu todo o tipo de comentários a respeito das duplas masculinas, inclusive que havia "amarelado" em Atlanta. "Todos os atletas se esforçam ao máximo para assegurar uma medalha, pena que muita gente fale bobagens", afirmou, referindo-se a críticos que não quis identificar.
Ricardo não sonhava, em 1996, fazer dupla com Zé Marco. Ele jogava com o baiano Everaldo. A dupla que hoje disputa o ouro só foi formada em 1998 e, desde então, ele vem sentindo o peso que o parceiro carrega por ter sido eliminado prematuramente dos Jogos de Atlanta. "Hoje eu sei o que é a pressão de uma Olimpíada', diz Ricardo.
"Zé Marco, na época, era tricampeão mundial, representou o país nos Jogos Olímpicos e, mesmo assim, foi tratado como um fracassado."
A dupla brasileira, primeira colocada no ranking mundial, chegou à disputa do ouro depois de passar por Berg/Dahl (Suécia), Stamm/Berger (Áustria), Child/ Heese (Canadá) e Ahmann/Hager . Os norte-americanos venceram Oetke/Scheuerpflug (Alemanha), Kjemperud/Hoidalen (Noruega) Heidger/Wong (Estados Unidos) e Brenha/Maia. Zé Marco e Ricardo já jogaram quatro vezes contra Blanton/Fonoimoana em jogos pelo circuito e venceram todas.
Os norte-americanos dizem estar preparados para mudar essa estatística desfavorável. "Nesta Olimpíada, jogamos pensando na medalha de ouro, estudando cada adversário partida a partida e variando nossa forma de atuar", disse Eric Fonoimoana.
Diferentemente dos jogos anteriores, disputados em um set de 15 pontos, a final será em melhor de três sets. Ou seja, a corrida do ouro promete ser longa e desgastante. Os brasileiros dizem estar preparados para isso. "Temos muitas chances de conquistar o ouro olímpico e quero colocar a medalha mais pesada no peito", garante Zé Marco.
No jogo preliminar, às 22 horas, os portugueses Brenha/Maia e os alemães Ahmann/Hager lutam pela medalha de bronze.