Sydney - O primeiro recorde importante do atletismo foi quebrado nesta segunda-feira, no quarto dia de disputa da modalidade, no Estádio Olímpico. A etapa levou 112.524 pessoas às arquibancadas da belíssima instalação esportiva, a maior concentração de público de toda a história da olimpíada.
O motivo de tanto interesse foi a australiana de origem aborígene Cathy Freeman, que conquistou a medalha de ouro nos 400 metros rasos. Bicampeã mundial da prova, ela suportou toda a pressão de competir em casa, diante de uma torcida que não esperava outro resultado se não a vitória.
Cathy tornou-se a grande estrela dos Jogos antes mesmo do início do torneio de atletismo. Ela foi a atleta escolhida pelo Comitê Organizador para acender a pira olímpica na cerimônia de abertura da competição, no mesmo estádio em que se consagrou nesta segunda-feira, vencendo a prova com o tempo de 49s11, a melhor marca da temporada. Após a prova, aliviada, disse ter realizado um sonho que acalentava desde criança com a conquista de uma medalha olímpica de ouro. "A emoção de ser campeã em casa é indescritível", observa a atleta, que comemorou a vitória com as bandeiras australiana e aborígine.
"Estava muito pressionada, mas venci por meu povo e meu país." A velocista, que competiu com a swift suit, a roupa que cobre o atleta da cabeça aos pés, disse ter ficado especialmente emocionada por ver toda a sua família no estádio muito feliz com a sua vitória. "Eles me ajudaram muito e fico contente por poder retribuir todo o apoio com o ouro", comenta a corredora, que foi vice-campeã em Atlanta, perdendo para a francesa Marie-Jose Perec, que desistiu dos Jogos de Sydney na semana passada. "Ela decidiu ir embora porque não estava confiante e eu já vivi momentos como esse", prossegue. "Acho que ela tomou a melhor decisão." A jamaicana Lorraine Graham ficou com a medalha de prata na prova, com 49s58, novo recorde pessoal, seguida da inglesa Katharine Merry, com 49s72.
A etapa teve ainda outros destaques. A romena Gabriela Szabo, uma das melhores fundistas da história, ganhou o ouro nos 5.000 metros, com novo recorde olímpico: 14min40s79. A irlandesa Sonia O´Sullivan conquistou a prata, com 14min41s02, seguida da etíope Gete Wani, com 14min42s23.
No salto com vara, a norte-americana Stacy Dragila estabeleceu novo recorde olímpico na prova, com 4,60 metros. A australiana Tatiana Grigorieva, uma das atletas mais bonitas da Olimpíada, obteve o segundo lugar, com 4,55 m, enquanto o bronze foi conquistado pela islandesa Vala Flosadottir, com 4,50 m. Na última final feminina do dia, a moçambicana Maria Mutola confirmou finalmente o seu favoritismo e ficou com a medalha de ouro dos 800 metros rasos, com 1min56s15 - 49 centésimos de segundo mais rápida do que a austríaca Stephanie Graf, vice-campeã. A inglesa Kelly Holmes chegou em terceiro lugar, com 1min56s80.