Sydney - A explicação para a popularidade do basquete norte-americano entre as mulheres, com o surgimento da WNBA nos últimos quatro anos, vem da norte-americana Cyntia Cooper e tem raízes culturais. Assim como os meninos, as meninas norte-americanas aprendem a jogar muito cedo, no quintal de casa, na escola. O basquete feminino sempre existiu nos Estados Unidos, mas só passou a ser um mercado de trabalho estruturado e organizado quando surgiu a WNBA, a versão feminina da NBA.
"Esse é um caminho sem volta e terá implicações no mundo todo", afirma Cynthia Cooper, que foi tetracampeã da WNBA, com o Houston Comets, time da brasileira Janeth, jogadora para a qual não poupa elogios.
Segundo Cynthia, Janeth é muito polivalente, pode atuar como lateral e armadora e se a equipe foi campeã em todas as edições da liga é porque tinha a brasileira no time. "Ela é a razão do nosso tetracampeonato." Cynthia, que anunciou sua aposentadoria da WNBA depois do título desse ano, foi a "animadora" de uma entrevista coletiva realizada na casa que a Nike montou em Sydney para divulgar os seus produtos e os atletas que patrocina. Entre vários elogios à empresa, sempre que podia, a garota-propaganda falou também do crescimento do esporte.
Com a criação da liga, as jogadoras que iam para a Europa encontraram espaço nos Estados Unidos, que passou a ser um mercado para outros países. "O basquete está crescendo e a WNBA está ajudando isso em todo o mundo, o esporte feminino está em ascensão." Cynthia não sabe prever quando o resto do mundo poderá ter o mesmo nível elevado dos Estados Unidos, mas acha que a globalização ajuda nesse sentido. Cynthia afirma que o que separa os Estados Unidos dos outros times é a excelente condição física que as jogadoras têm - "elas são mesmo muito fortes." Chamique Holdsclaw, da seleção dos Estados Unidos que está em Sydney, não tem dúvidas desse crescimento, embora admita que o basquete feminino esteja longe do masculino em termos de interesse do público.
Disse que a WNBA, com a televisão e as promoções, vem fazendo aumentar o interesse da liga e colocando o basquete feminino no mundo com a presença de jogadoras estrangeiras na liga. "As mulheres hoje são profissionais como os homens e a liga está reunindo as principais atletas do mundo nesse esporte o que, por si só, já chama a atenção." A jogadora sabe que são mínimas as chances de os Estados Unidos saírem de Sydney sem levar a medalha de ouro do torneio de basquete, tanto masculino - com os jogadores da NBA, como Vince Carter, que se recusa a ser comparado com Michael Jordan - quanto no feminino.
Apesar de os norte-americanos estarem acostumados a um jogo com regras diferentes das ditadas pela Federação Internacional de Basquete (a Fiba) - entende que os Estados Unidos se adaptam e pronto. "Apenas são jogos diferentes", afirma. Cynthia acha que Estados Unidos e Austrália têm uma grande chance de ir à final. "A chave é ficar focada em cada um dos jogos dessa fase."