Porto Alegre – O técnico Luiz Felipe Scolari já fez suas exigências a Ricardo Teixeira para assumir o comando da seleção. Entre elas, mandar todo o grupo atual embora e poder dirigir tanto o time brasileiro como o Cruzeiro, que já admite ver o treinador no lugar de Wanderley Luxemburgo.
Através de um amigo de Luiz Felipe, o convite oficial foi feito no domingo à noite. E que foi bem recebido. Da Austrália, Ricardo Teixeira ligou para Felipão, que estava em Belo Horizonte. O presidente da CBF perguntou gostaria de treinar a seleção. A resposta:
"Quem não gostaria?"
"E quais as suas exigências?"
"Em primeiro lugar", respondeu o técnico. "Teria de ser feita uma limpeza: seria preciso botar na rua do segurança à lavadeira. Outra coisa: seria melhor que se voltasse ao método antigo, com o treinador não sendo mais exclusivo da seleção."
Essa última exigência mostra que Luiz Felipe não está disposto a largar o Cruzeiro, pelo menos não neste ano. A conversa entre o técnico e o presidente da CBF durou cerca de uma hora e meia.
Até o próximo sábado, Teixeira voltará ao Brasil e, então, deve anunciar a saída de Luxemburgo. Até segunda-feira, os jogadores que atuam no país deverão ser chamados para pegar a Venezuela. Talvez, até, essa convocação já tenha o dedo do novo técnico. Talvez, até, de Luiz Felipe.
Assim, falta pouco para Scolari assumir a seleção brasileira. Em primeiro lugar, o atual treinador, Wanderley Luxemburgo, tem de ser oficialmente demitido do cargo. Ele não tem apoio popular, como demonstrou a recepção que os torcedores lhe deram terça-feira, no Aeroporto de Cumbica, em [São Paulo]. Está no centro de uma saraivada de críticas e denúncias. E, sobretudo, não conseguiu bons resultados.
Luxemburgo, porém, pode ser mantido por mais algum tempo no posto. Por quê? Por três razões. Primeiro: ele não pedirá demissão, já que a multa rescisória de seu contrato é de R$ 3 milhões. E faltam apenas dois compromissos oficiais para a seleção nesse ano – em 8 de outubro, contra a Venezuela, e em 11 de novembro, diante da Colômbia, ambos os jogos pelas Eliminatórias.
A terceira razão é o compromisso de Luiz Felipe com o Cruzeiro. Verdade que seu contrato (de três anos de duração) não prevê multa rescisória. Verdade, também, que os dirigentes do clube mineiro não foram intransigentes ao falar da possibilidade de o técnico sair.
"Queremos que ele fique, mas, se vier mesmo uma boa proposta da CBF, é claro que vamos conversar", disse o supervisor de futebol do Cruzeiro, Beneci Queiroz, na terça-feira.
Tudo isso é verdade. Mas Luiz Felipe está gostando da tranqüilidade de Minas, vem realizando um bom trabalho no Cruzeiro, sexto colocado no Nacional com 21 pontos, e sua família não aprova a troca pela seleção.