Sydney - A seleção brasileira feminina de basquete está comemorando o feito de ter chegado à semifinal da Olimpíada de Sydney com um time renovado e sem depender de nenhuma grande estrela individualmente para conquistar vitórias. Na opinião do técnico Antonio Carlos Barbosa, a equipe demonstrou, sem Paula e Hortência, que pode dividir as responsabilidades entre jogadoras jovens e experientes.
O desafio agora, segundo Barbosa e Gerasime Bozikis, presidente da Confederação Brasileira de Basquete (CBB), é incorporar à equipe revelações de qualidade para formar uma base com 20 ou 22 atletas para as próximas competições, como a Copa América, em julho, no Brasil, e o Campeonato Mundial, em 2002.
Os nomes da lateral Micaela, da pivô Geisa e de Leila Sobral, irmã de Marta, são citados para reforçar a equipe. As jogadoras mais experientes torcem para que aumente o número de jogadoras selecionáveis, o que proporcionaria o revezamento de atletas em quadra durante as partidas, diminuindo o desgaste das titulares. "A principal diferença em relação a Atlanta é que, em Sydney, apresentamos um jogo mais coletivo, mais solidário, em que todas ganham e todas perdem na quadra", disse a armadora Adriana.
Essa também é a opinião de Janeth, principal jogadora do time e atleta que Barbosa diz querer preservar para que chegue em boa forma nos Jogos de Atenas, em 2004. "Nossa proposta era chegar a uma semifinal olímpica e chegamos, com um time solidário", disse Janeth. Do grupo atual, além das duas estiveram na Olimpíada de 1996 Silvinha, Marta, Alessandra e Cíntia. Confirmado no cargo até 2002, Barbosa considera-se um vitorioso em Sydney. A vitória por 68 a 67 sobre a Rússia, que classificou o Brasil à semifinal, ainda é comemorada como um momento de superação da equipe.
Uma imagem de Barbosa vibrando com um ponto da equipe faz parte de um dos videoclipes preparados pelo Canal 7 e exibido várias vezes ao dia. Esse canal faz a cobertura mais extensa da Olimpíada entre as emissoras australianas. No filme, Barbosa aparece ao lado de figuras que brilharam na Olimpíada como os velocistas Michael Johnson e Cathy Freeman e os nadadores Ian Thorpe e Michael Klim.
O resultado de Sydney, segundo ele, se não repetiu a prata de Atlanta, conquistada pelo técnico Miguel Ângelo da Luz, serviu pelo menos para afastar os "urubus de plantão, na imprensa e dentro do próprio basquete", que pediram sua saída. Ele se recusa a dizer quem seriam os urubus. "Como o time masculino não veio a Sydney, a responsabilidade estava todas sobre as nossas costas e vencemos", disse Barbosa.