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Dante é a símbolo da renovação do vôlei brasileiro
Sexta-feira, 29 Setembro de 2000, 19h06

Sydney - O novo ciclo do vôlei brasileiro passa por um menino, que neste sábado completa 20 anos, sem receber um presente digno de sua estréia na Olimpíada. Segundo melhor pontuador do torneio até as semifinais, o atacante de ponta Dante Guimarães Santos do Amaral, bem que merecia disputar uma medalha no dia do seu aniversário. Com 113 pontos anotados, Dante foi a grande revelação da equipe brasileira e mostrou que a geração de Barcelona já tem alguns substitutos à altura.

Para os levantadores Maurício e Marcelo, o garoto tem tudo para tornar-se um dos melhores jogadores do mundo em pouco tempo. Com 2m01cm de altura e uma impulsão extraordinária, Dante enfrentou com naturalidade os verdadeiros muros de holandeses e cubanos. "Ele precisa melhorar um pouco no bloqueio e no passe, mas já é um jogador extraordinário pela habilidade que demonstra no ataque", avaliou o auxiliar técnico Marcelo Del Negro. "Além de tudo, ele é tranqüilo, tem uma ótima formação e uma boa cabeça."

Embora o novo atacante tenha quase a mesma idade de Marcelo Negrão, que surgiu em Barcelona aos 19 anos, mas depois não conseguiu manter o mesmo nível, Del Negro considera dois casos diferentes. "O Negrão era um jogador de mais explosão, pesado, enquanto o Dante é mais leve e habilidoso", compara o auxiliar. "Talvez não tenha a mesma força, mas tem mais talento para colocar a bola onde quer na quadra adversária."

Dante já sabe que essas comparações vão surgir e que a revelação e a surpresa do adversário só funcionam na primeira Olimpíada. Ele já percebeu isso nas últimas partidas, quando foi muito marcado por argentinos, cubanos e holandeses. "Tenho vontade de comandar uma nova geração de ouro, como essa de Barcelona, mas também procuro colocar os pés no chão", afirma o jogador. "Essa Olimpíada foi uma grande experiência para minha carreira, mas espero agora manter a regularidade para permanecer na seleção e voltar em Atenas."

Além dele, Nalbert, Giba, Gustavo e outros que não vieram, como Ricardinho e Rodrigão, deverão continuar no time. "A grande vantagem de muitos desses rapazes é que eles ainda são novos, mas alguns já tem até mais de 100 jogos pela seleção", salientou o técnico Radamés Lattari.

"É uma boa base para o futuro treinador começar." Se o substituto de Radamés for supersticioso, ele pode iniciar lembrando que em Seul (1988) o Brasil também perdeu para a Argentina no final da geração de prata. Foi a última Olimpíada de William, Renan e Montanaro e a primeira de alguns novatos, como Maurício, Carlão e Paulão. Com base nesses três surgiu a geração de ouro, com Tande, Giovane e Negrão. Resta torcer que a história se repita.

Agência Estado


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