Sydney - O "amor pela vela" e a regularidade nas participações em torneios internacionais, sempre entre os primeiros do mundo, deverão servir para empurrar Robert Scheidt até a Olimpíada de Atenas, em 2004. "O mais importante é que ainda gosto muito de fazer isso", garantiu o medalha de prata em Sydney.
O iatista brasileiro só não sabe se continuará na classe Laser, muito técnica e solitária, que exige um trabalho intenso de preparação técnica e física.
Quando participar da cerimônia de premiação da vela, no Opera House, Scheidt, de 27 anos, deverá ver na medalha de prata o ânimo que precisa para seguir em frente. O técnico Cláudio Bieckark tem um conselho para o iatista: esfriar a cabeça e depois das férias, voltar a velejar de Laser pelo menos por mais um ano.
A Federação Internacional de Vela (Isaf) decide, em novembro, quais serão as classes olímpicas do iatismo para os Jogos de 2004. Então, Scheidt poderá analisar as opções que dispõe. Já pensou em mudar para a Star, classe de Torben Grael e Marcelo Ferreira, mas não tem um proeiro para velejar e passaria a depender de equipamentos, que têm de ser alugados ou transportados em cada viagem para competir no exterior. Para competir na Star, Scheidt também teria de arrumar um companheiro, mas não está habituado a velejar com alguém.
"O futuro dele vai depender muito, para continuar a sendo profissional de vela acho que terá de partir para barco de oceano", disse Bieckark. O técnico acredita que Robert Scheidt terá pela frente um caminho mais difícil que o do iatista Torben Grael, que já disputou provas internacionais de oceano muito importantes como a Americas Cup. As regatas de oceano são bem mais lucrativas para os profissionais da vela, oferecendo patrocínios e prêmios atraentes.
Mas o treinador observa que fazer a campanha do Torben na Americas Cup (a bordo do barco italiano Prada) e depois velejar de Laser em 2004 seria um pouco difícil. "Se não estiver sempre em cima do barco na Laser não faz resultados", afirma Bieckarck. O técnico observa que, fisicamente, Scheidt teria condições de disputar mais uma Olimpíada. "Só não sei se ele terá vontade."
Bieckark também observa que seria "uma pena" o Brasil ter dois talentos como Torben e Scheidt velejando na mesma classe. "Também precisa ver se o Torben vai ter interesse em disputar mais uma Olimpíada." Afinal, Torben Grael tem planos de disputar uma regata de volta ao mundo.