Sydney - A dupla de iatistas Torben Grael e
Marcelo Ferreira era a favorita para ganhar novamente a medalha de ouro na
classe Star da Olimpíada de Sydney, mas acabou tendo de se conformar com o bronze neste sábado. Apesar disso, a premiação foi bem recebida pelos atletas.
Ela representa a quarta medalha de Torben em cinco Jogos Olímpicos
e a segunda de Marcelo.
"Sei que poderíamos ter ido mais longe, mas a gente não deu tanta sorte
dessa vez", disse Torben após recolher seu barco, Vida Bandida, na Baía de
Ruschcutters. "Estou muito contente de qualquer forma e vou comemorar à noite."
Ele e seu parceiro Marcelo Ferreira ganharam a medalha de ouro em Atlanta e
tudo indicava que repetiriam a proeza em Sydney. Até a décima regata,
estavam à frente dos segundos colocados, os ingleses e os americanos,
podendo chegar até a quinta posição para levarem o ouro. Na última regata, a
dupla foi desclassificada logo no início por queimar a largada, uma linha
imaginária que liga duas colunas na água.
"Nós saímos no mesmo lugar que os outros barcos", argumentou Marcelo,
referindo-se às embarcações da Itália, Espanha e Irlanda, também desclassificadas. "Como tínhamos o bronze, fomos para o tudo ou nada com os
ingleses e os americanos, mas perdemos."
Os velejadores só são comunicados da desclassificação no final da
competição. A dupla brasileira continuou a prova, apostando no vento do lado
esquerdo, mas se deu mal. Chegou na décima colocação, não dando para
conseguir o ouro ou a prata.
"O vento acabou rodando para a direita, beneficiando os americanos. Nós
ficamos presos. Começo de regata é muito crítico porque não se tem a noção
exata de onde está o vento", desculpou-se Torben.
Os americanos Mark Reynolds e Magnus Liljedahl ficaram com a medalha de
ouro. Eles também queimaram a largada, perceberam o erro e decidiram pagar
uma penalidade, saindo em último lugar. Favorecidos pelo vento, conseguiram
recuperar posições e chegar em segundo lugar na prova.
"Eles fizeram uma regata taticamente perfeita e mereceram o ouro", disse
Lars Grael, irmão de Torben e diretor técnico da equipe de vela brasileira.
Mesmo diante do resultado inesperado, a dupla pretende continuar competindo
pela classe Star e já faz planos para Atenas-2004.
"Nos aguardem porque vamos continuar firmes e fortes", completou Marcelo.