Sydney - Lutando contra os adversários e a crueldade de um esporte que não admite falhas, Rodrigo Pessoa entra na pista do Parque Horsley em busca de uma medalha inédita para o hipismo do Brasil. A partir das 20 horas (Brasília), manhã em Sydney, o brasileiro, cavaleiro número 1 do ranking mundial, monta Baloubet du Rouet na competição individual de saltos da Olimpíada de Sydney.
Rodrigo, consciente do favoritismo que sua posição de campeão mundial e tricampeão da Copa do Mundo acarreta, diz estar bem preparado para o desafio. Não promete medalha, dizendo que em seu esporte nada é garantido.
"O hipismo é uma competição cruel, porque você fica por um fio o tempo todo", comenta Rodrigo. "Enquanto em outros esportes o atleta pode ter uma hora e meia para se recuperar de um erro, nos saltos um toque a mais pode ser fatal e você não tem como voltar."
No entanto, o cavaleiro está otimista - nos dois primeiros dias de competição, Baloubet, considerado a melhor montaria da atualidade, correspondeu completamente às suas expectativas. "Vim para cá com duas missões, a primeira já cumpri, até mais do que esperava", disse o cavaleiro sobre a conquista do bronze por equipes. "Para a segunda, estou confiante", afirmou o brasileiro, que teve o melhor desempenho entre os 72 cavaleiros que participaram da fase de classificação.
Técnico da equipe brasileira, Nélson Pessoa Filho tomou todos os cuidados para que Rodrigo não fosse afetado pela pressão de uma competição olímpica. "Adotamos a mentalidade de fazer tudo o que sempre fazemos para um concurso qualquer que disputamos na Europa", diz Neco. "A idéia é não tratar os Jogos como algo especial."
Rodrigo está fora da Vila Olímpica. Como sempre faz quando compete fora da Bélgica, onde mora, o ginete alugou uma casa e reuniu sua família mais a da noiva, com quem pretende casar-se no fim do ano. "Cercado pelas pessoas que conhece, ele pode ficar mais descontraído", explica Neco. "O melhor ritual é fazer a mesma coisa de sempre", resume Rodrigo.
Apesar de consciente de seu favoritismo, o cavaleiro não espera facilidades na luta pela medalha de ouro. "A concorrência é muito grande", avalia. Além de Rodrigo, o Brasil tem mais dois representantes na competição individual de saltos: André Johannpeter, montando Calei, e Luiz Felipe Azevedo, com Ralph.
André acredita que suas chances de medalhas são pequenas. "Acho que uma perspectiva mais realista é lutar para ficar entre os dez melhores conjuntos da Olimpíada, mas é lógico que, se houver oportunidade, farei de tudo para conquistar uma medalha."
Felipinho vem animado pela sexta posição obtida na fase de classificação e as boas atuações de Ralph. "Não quero prometer medalha, mas o que posso dizer é que vou mostrar a garra que apresentei na competição por equipes."