Belo Horizonte - Linha dura no Atlético. Os jogadores que, a partir de agora, não corresponderem em campo às expectativas da diretoria e da torcida serão afastados da equipe. A decisão foi tomada nesta segunda-feira pelo presidente do clube, Nélio Brant Magalhães, insatisfeito com o desempenho do Atlético no Módulo Azul da Copa João Havelange.
A situação ficou mais complicada e insustentável depois da derrota de 4 a 2 para o Cruzeiro, no sábado, com o time caindo da 21ª para a 22ª colocação.
Nélio Brant e outros integrantes da diretoria se reuniram nesta segunda com o técnico Carlos Alberto Parreira, durante um almoço num restaurante em Lourdes. “Precisamos saber o que está ocorrendo. Está dando um branco nos jogadores. Parece que o espírito brasileiro olímpico baixou no Atlético, quando até o cavalo amarelou", disse o dirigente, referindo-se ao cavalo “Baloubet du Rouet", de Rodrigo Pessoa, que decepcionou na final do hipismo na Olimpíada de Sydney.
Preocupado com a fraca campanha que a equipe realiza na Copa João Havelange e com a grave crise financeira que o clube atravessa, Nélio Brant está pensando em alternativas para amenizar a situação. Uma delas seria a troca de jogadores com outros clubes, ou no próprio Atlético. “Tive que abrir mão do André Silva.
Se jogadores de grandes salários não corresponderem, vamos promover trocas ou escalar juvenis", afirmou o dirigente, que revelou ter conversado com alguns jogadores por telefone, para saber o que está ocorrendo com a equipe.
Ele reconhece que os jogadores são bem remunerados, mas sabe também das dificuldades que o técnico Carlos Alberto Parreira vem encontrando para escalar o time, por causa do grande número de contusões, já que o grupo é reduzido. “Não acredito que os jogadores estejam fazendo corpo mole, ou haja falta de preparo físico. Alguma coisa está errada e precisa ser mudada, pois o time continua perdido na Copa João Havelange", disse.
Com a venda do passe do lateral-esquerdo André Silva para o Vasco, a equipe ficou carente no setor, pois só tem Ronildo para a posição. Como o clube vive uma crise financeira, a situação vai continuar inalterada, pois não se fala em contratações no Atlético, embora haja também a necessidade de se contratar mais um lateral-direito e um volante. “Contratar como? O Atlético não tem dinheiro para isso", reagiu Nélio Brant.
Depois do encontro com Parreira, Nélio Brande se reuniu com outros integrantes da dire toria que não participaram do encontro do início da tarde de segunda.
Parreira aceitaria a coordenação
O técnico Carlos Alberto Parreira continua descartando a possibilidade de comandar a Seleção Brasileira, mas admite ser coordenador-técnico no futuro, o que poderá acontecer em breve, já que seu nome está cotado para assumir esse cargo. O presidente do Atlético, Nélio Brant, revelou que recebeu um telefonema do presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, que pediu informações sobre o treinador tetracampeão mundial. Teixeira, contudo, não conversou diretamente com Parreira.
“Não quero ficar falando em cima de especulações. Isso eu já dizia quando dirigia o Fluminense. É algo a se considerar para daqui a três ou quatro anos. Teria o máximo de prazer em dividir a minha experiência de três copas do mundo com outros técnicos. Para quem já esteve lá, três anos não é motivo para ansiedade. Isso é para quem está assumindo pela primeira vez", afirmou Carlos Alberto Parreira.
Parreira considera normal a preocupação de parte da imprensa e torcida, pois o novo treinador precisa traçar os seus planos na Seleção Brasileira. Mas antes disso, defende a contratação de um coordenador de Futebol como é feito na Europa. “No futebol europeu são escolhidos, primeiramente, os diretores técnicos, depois eles se reúnem com os dirigentes para escolher o treinador. Há uma inversão no Brasil", observou o técnico do Atlético.
Segundo Parreira, o coordenador e o treinador devem estar afinados, se respeitarem, como ocorreu com ele e Zagallo na Copa do Mundo de 94, no Estados Unidos, quando o Brasil conquistou o tetracampeonato mundial. “O treinador tem que se sentir seguro com o coordenador. Que ele não quer o seu cargo", disse.
Ramon desfalca a equipe no Rio
As contusões ainda são os maiores problemas do técnico Carlos Alberto Parreira, que tem dificuldades para armar do time do Atlético. Amanhã, contra o Vasco, no Rio, pelo Módulo Azul da Copa João Havelange, ele não vai poder contar com o armador Ramon, que sofreu uma entorse no tornozelo direito ainda no primeiro tempo do clássico contra o Cruzeiro. Ramón foi examinado ontem à tarde pelo médico Danilo Gontijo e acabou sendo vetado, pois o local da lesão está bastante inchado e com um hematoma.
O lateral-esquerdo Ronildo continua fora do time, pois ainda não se recuperou da entorse que sofreu no joelho esquerdo durante o jogo contra Peñarol, na semana passada, em Montevidéu, pela Copa Mercosul. Já o apoiador Caíco dificilmente terá condições para enfrentar o Vasco. “Caíco sofreu uma contratura muscular e será submetido a uma ultra-sonografia. Estou pessimista quanto à sua liberação", afirmou Danilo Gontijo.
Em contrapartida, o volante Gallo foi liberado e fez um teste - os trabalhos serão intensificados hoje, mas ele continua fora do time. Na mesma situação se encontra o atacante Valdir “Bigode". Já o goleiro Velloso e o volante Gilberto Silva estão treinando normalmente. O técnico Carlos Alberto Parreira vai definir o time no treino de hoje de manhã.
Mas, já pensando no futuro, o treinador está dando oportunidades aos jogadores revelados nas categorias de base do Atlético. “Estou trabalhando com os jogadores que tenho à minha disposição e colocando os jogadores mais jovens. Tenho que fazer o meu trabalho e não ficar lamentando", disse o técnico Carlos Alberto Parreira.