Porto Alegre - O Internacional está colocando à venda o volante paraguaio Enciso para pagar salários e dívidas. O vice de futebol Fernando Miranda comunicou ao jogador e ao seu empresário, Gilmar Veloz, de que não há outra alternativa para manter os vencimentos em dia, hoje estimados em R$ 900 mil, e o nome do clube limpo na praça.
A dívida do clube até junho era de R$ 6,6 milhões e poderá chegar a R$ 14 milhões, ou mais, até o final do ano. Deixar o Beira-Rio exatamente no momento em que virou uma referência do Inter aborrece Enciso.
"Fiquei sabendo que estão dispostos a me vender, sim. Estou triste, afinal o clube é como se fosse a minha casa", lamentou ele, por telefone, ontem à noite.
Na semana passada, especulou-se que o zagueiro Lúcio seria o escolhido para movimentar o caixa colorado. Valorizado pela convocação para a Olimpíada de Sydney e atravessando uma grande fase técnica, Lúcio despertou o interesse do Cruzeiro. O Inter, porém, nem pensa em se desfazer dele. Pelo menos por enquanto.
Sobrou, então, para Enciso. Depois de três anos no Inter, marcados pela irregularidade, fez mais do que se firmar como titular em 2000. Acabou como capitão e líder do grupo. Mudou até mesmo a postura no dia-a-dia do Beira-Rio. O jogador brincalhão, que transmitia um ar irresponsável, cedeu lugar a um Enciso de fala pausada, compenetrado. Junto com essa mudança, apareceu o futebol que o consagrou como um dos melhores jogadores da seleção paraguaia. Até gol marcou.
Como o do Gre-Nal, quando acertou um chute forte de 30 metros.
Vender Enciso não será uma tarefa árdua para Miranda. Foi titular da seleção paraguaia na Copa da França, sempre com atuações destacadas. Começou as Eliminatórias para a Copa de 2002 na reserva. Mas a partir da segunda rodada, o técnico Sérgio Markarian não tirou-o mais do time. O destino do jogador será a Europa. Mais precisamente, o futebol espanhol. No ano passado, esteve perto de jogar no Bétis. Agora, a contragosto, Enciso poderá acabar no futebol espanhol.