Porto Alegre - Desta vez, é o Grêmio que chega ao clássico em melhores condições. Enquanto o rival Inter enfrenta reclamações por reajuste de salário do seu principal jogador e sonha ganhar a primeira em casa, o time de Celso Roth vive uma inusitada calmaria em que o empate será ótimo resultado.
Se o Inter não joga uma partida há longos 14 dias e pode sentir a falta de ritmo, o Grêmio vem acumulando bons resultados fora de casa. Parece ter embalado de vez. Venceu o Coritiba no Couto Pereira e empatou com o líder São Paulo no Morumbi. E ainda terá o gênio Ronaldinho, não convocado para a Seleção.
Enquanto isso, a equipe do técnico Zé Mário já não é mais aquele sólido grupo de operários onde o craque é a união. Lúcio cobrou publicamente do vice de futebol Fernando Miranda o reajuste salarial prometido e Fabiano, semanas antes, brigou com o técnico Zé Mário por um motivo prosaico: não aceitou treinar de caneleiras. O atacante Serginho Messias, irritado com as vaias da torcida, pediu para ser devolvido para a Arábia Saudita, alegando estar perdendo dinheiro no Inter.
Nas imediações da Azenha, sorrisos. Depois que Leão e Antônio Lopes não conseguiram estabilizar um plantel de estrelas, Celso Roth endireitou o vestiário. Fábio Baiano fez Zinho render mais. Ronaldinho é sempre Ronaldinho. E Warley, com a aparição fulminante no Morumbi, virou esperança de gols. Em suma: enquanto Roth tem um punhado de opções para montar o Grêmio, Zé Mário vive um drama motivado pela política da direção colorada em contratar jogadores de mercados secundários – especialmente atacantes. Serginho Messias veio da Arábia Saudita e, Leonardo, da 3ª divisão alemã.
Mas há um milhão de exemplos em que o favorito perde e o que está em baixa vence e arruma a casa. Nos anos 70, quando o Inter era quase imbatível, os clássicos eram rigorosamente iguais e encardidos. Em 1981, o Grêmio roubou Batista do Inter, trouxe Leão para o gol e perdeu o Gauchão para o Inter de Ademir, Cléo e Jaiminho no meio-campo. Então, mesmo com o Grêmio rico da ISL despontando na tabela, mesmo com Ronaldinho em campo, mesmo contra um Inter empobrecido e sem ataque, apesar disso tudo, Gre-Nal é Gre-Nal. Nem os chatíssimos bate-bocas entre dirigentes querendo condicionar o trabalho de Leonardo Gaciba deverá atrapalhar a magia do clássico. É neste sábado, às 15h45min. No Beira-Rio.