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Carrasco do Fla passa dia sozinho
Segunda-feira, 09 Outubro de 2000, 01h52

Rio - As mãos sempre foram o sustento do menino tímido na pacata cidade de Vespasiano, na Grande Belo Horizonte. Dênis lavou carro, carregou compras de supermercado e várias vezes pôs a mão na massa para ajudar pedreiros. Mas após ouvir os conselhos de Donizete, antes da cobrança da falta, a canela passou, literalmente, a valer ouro. Claro, sem negar as origens.

“O golaço de canela fez todos os alvinegros sorrirem e os flamenguistas chorarem. Donizete disse para eu ficar atrás dele. O gol foi sem querer querendo. Sofri bem na infância e só tenho a comemorar”, disse.

Ele não nega que o gol de canela se trata do mais importante da carreira, mas frisa que as subidas à área adversária é um dos seus pontos fortes. E, por incrível que pareça, garante que a canelada, justamente contra o Flamengo cheio de astros, abriu as portas para a rede.

“Sempre vou para a área. Na minha estréia pelo América mineiro, quando tinha 17 anos, marquei um gol. Já fiz uns dez. O Botafogo representa a abertura de portas para o mundo”, falou.

Há três meses no clube, o zagueiro afirma que o gol marca sua chegada. Ele lembra do princípio de vaias na vitória sobre o Juventude e acredita, destemidamente, que um verdadeiro jogador se destaca nos momentos de dificuldades.

“O gol marcou a minha chegada. Mostrei a minha cara. Estreei contra o Corinthians, participei da goleada imposta pelo Cruzeiro e contra o Juventude estava sendo vaiado quando fiz a jogada que resultou na expulsão de Caio. O grande jogador aparece nos clássicos”, disse.

Apesar do gol, os pés continuam fincados no chão. Afinal, Dênis sabe que Valdson é titular e luta para conquistar a sua vaga entre os titulares. E deixa a disputa para depois: é hora de lembrar somente o gol. “Antônio Clemente já sabe que pode contar comigo, assim como a torcida do Botafogo. Mas o legal é que vão ter de aturar essa cara preta por uma semana”, disse.

Dênis pode afirmar hoje que é um mineiro metido a carioca. Mas revela que sofreu no começo para se ambientar e até encontrar o Estádio de Caio Martins, em Niterói. “A praia é linda. Conheço bem a Linha Amarela, a Avenida Brasil e a Ponte Rio-Niterói. Mas estou aprendendo novos caminhos”, disse o zagueiro, que mora na Barra da Tijuca.

Porém, a adaptação no clube foi rápida. Graças à ajuda de alguns companheiros e agora amigos. “Donizete, Túlio, que me surpreendeu, Wagner, Gustavo e Jorge Luiz me ajudaram muito”, afirmou.

L!Sportpress


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