Recife - Clima tenso e ânimos exaltados nos Aflitos. Na manhã de terça-feira, numa reunião nada produtiva para ambas as partes, os jogadores Náutico e o presidente Fred Oliveira não conseguiram chegar a um acordo sobre o pagamento de salários atrasados do elenco. Com direito a alteração de vozes e pouco entendimento.

O vice-presidente licenciado, André Campos, foi chamado para conversar com o grupo, antes do treino da tarde. Tentando minimizar a situação, o técnico Ademir Müller disse que os jogadores continuam com o pensamento voltado para a primeira partida do mata-mata contra o Criciúma/SC, no próximo domingo, em Santa Catarina.

Mais diplomático e com um temperamento mais ameno, André Campos conversou por 20 minutos com os atletas, no vestiário. "Expliquei que não adiantava baixar a cabeça agora. Temos que pensar no jogo contra o Criciúma, pois o clube vive de receita. O futebol vive de resultados. Entendo o lado deles, mas se o grupo não cumprir a parte dele, as dificuldades aumentarão", comentou Campos. "O nosso maior problema hoje é com a Justiça do Trabalho. Temos mais de cem causas trabalhistas. Eles vêm aqui e levam toda a renda. Dessa forma fica complicado saldar a folha de pagamento dos jogadores", acrescentou.

A retórica da eterna falta de recursos no reduto alvirrubro já não soa como novidade entre os atletas. Inconformado com a situação, o zagueiro Alex - que tomou a iniciativa de ligar para André Campos pedindo sua presença no clube -, desabafou: "A conversa de que nossos salários serão pagos com as rendas dos jogos não engana mais ninguém. É difícil trabalhar sem receber. Só Deus sabe como estamos sobrevivendo. Alguns jogadores ainda contam com apoio de familiares ou de alguma reserva. E quem não tem nada disso? Tem gente com problema de aluguel. Só tenho que enaltecer o caráter e o profissionalismo do grupo".

Diário de Pernambuco