Rio - A vitória inquestionável do Botafogo sobre o Flamengo definiu um grande perdedor no alto-astral que reina em General Severiano: o antigo ídolo Túlio. Barrado na véspera do clássico e longe de constar dos planos do treinador Antônio Clemente, que diz ter encontrado a escalação que considera ideal, Túlio enfrenta com conformismo o ostracismo no clube que o consagrou. E sem escapatória.
Depois de atravessar sem brilho por Fluminense, Cruzeiro e Vila Nova (GO), o centroavante sabe que as chances estão esgotadas. E se resigna com a reserva: “Tenho de estar com humildade para reconhecer o momento que o time atravessa. O Botafogo ganhou bem do Flamengo. Fiz apenas quatro gols em 11 jogos. Reconheço a minha incompetência perante os números. É claro que ninguém gosta de ficar no banco de reservas, mas tenho de aguardar a minha chance. Tem chão ainda pela frente.“
No entanto, o discurso articulado de Túlio, para não colidir com Clemente, não é repetido em casa. Alessandra, mulher de Túlio, não esconde de ninguém que não assimilou a volta para o Botafogo, pois Túlio não tem jogado e, segundo ela, vem sendo desrespeitado. Justamente o oposto da condição em que deixou o São Caetano, clube pelo qual foi artilheiro da Série A-II do Campeonato Paulista de 2000, com 20 gols. O próprio Túlio já teria reconhecido a insatisfação no clube, mas publicamente não diz estar arrependido:
– Não me arrependo do que faço. Só me arrependo do que não faço. A única coisa de que eu me arrependo é de ter saído do Botafogo em 97. Se não fosse por isso, estaria bem melhor hoje – disse Túlio, que explicou a queda de rendimento. – O São Caetano jogava em função de mim.
Mesmo com tudo contra a maré, Túlio ainda aposta no sucesso total. Sem perder o pique, ele retoma a fanfarronice e faz promessas que hoje parecem difíceis de cumprir: diz que será o artilheiro do time na Copa João Havelange (ele ainda lidera, mas Alexandre Gaúcho e Sandro têm um gol a menos); garante que vai dar a volta por cima; e classifica a má fase atual como apenas um capítulo de uma história no Botafogo que ainda terá o fim feliz. É esperar para cobrar.