Brasília - Não vai haver investigação alguma sobre o futebol antes de sair o resultado do segundo turno das eleições municipais. As duas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) que deverão cuidar do assunto no Senado e na Câmara poderão até ser instaladas na semana que vem, mas vão começar a trabalhar mesmo só depois de 3 de novembro.
Na Câmara, a CPI que vai investigar os contratos da Nike com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), tem instalação prevista para as 15h30 de terça-feira. Já o presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), que chegara a ameaçar o líder de seu próprio partido, senador Hugo Napoleão (PI), cobrando pressa na indicação dos representantes do PFL na CPI do Senado, mudou de tática. ACM havia dito que, caso o líder não apontasse os pefelistas da Comissão até segunda-feira, ele mesmo o faria, como presidente da Casa.
Mas agora o senador baiano aceita o argumento de que não há justificativa para tanta pressa, porque o segundo turno das eleições municipais em várias cidades do País vai roubar o quórum da CPI.
"A CPI só vai mesmo funcionar depois de abertas as urnas e eu não vou sequer cobrar presença dos senadores que estão envolvidos na campanha", explicou ACM, ao lembrar que, se a disputa já foi encerrada com vitória na Bahia, os senadores do Paraná, São Paulo e Pernambuco, entre outros estados, ainda têm muito trabalho pela frente. Mas ACM não poupará os faltosos que não estiverem ocupados com o segundo turno, porque quer garantir o funcionamento do Senado.
A ansiedade de alguns parlamentares no sentido de instalar logo as CPIs devia-se ao temor de que o lobby da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) ganhasse tempo e força, e acabasse vitorioso em sua articulação para evitar as investigações. Mas esta semana pesaram também argumentos políticos.
Alguns governistas recusaram-se a permitir que a CPI fosse usada como palanque para adversários na disputa pelas prefeituras que serão definidas no primeiro turno. Inclui-se neste caso o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), autor do pedido de criação da CPI no Senado e grande adversário do PFL na briga pela prefeitura de Curitiba.
Para o líder do governo no Senado, José Roberto Arruda (PSDB-DF), um atraso no cronograma de trabalhos da CPI não vai comprometer seu funcionamento. O líder está convencido de que 10 ou 15 dias não irão alterar a disposição geral dos senadores de investigar a fundo o futebol. "O Senado está ciente do apelo da sociedade para que o futebol oficial seja passado a limpo, e hoje não há hipótese de essa CPI não acontecer", garantiu ele.