Rio - O ex-técnico da seleção brasileira Wanderley Luxemburgo corre o risco de ser preso se não comparecer à 8.ª Vara Federal Criminal no dia 10 de novembro, data marcada para seu depoimento à Justiça, referente ao processo em que é investigado por suposto crime de sonegação fiscal. "Se ele tomar essa decisão, sem uma justificativa muito forte, eu peço à Justiça a sua prisão preventiva", afirmou o procurador Flávio Roberto, do Ministério Público Federal (MPF).
Em sua avaliação, o treinador, ao ser denunciado em setembro, teria de ter comunicado à Justiça que se ausentaria do Rio, onde passou alguns dias, após a disputa da Olimpíada da Austrália. A juíza da 8.ª Vara, Valéria Caldi Magalhães, enviou um oficial de Justiça a vários endereços em que Luxemburgo poderia estar na cidade, mas o técnico não foi encontrado em nenhum deles. "Está claro que o réu está se ocultando", prosseguiu Roberto.
Ele admitiu a possibilidade de a juíza se antecipar ao MPF e determinar por conta própria a prisão preventiva de Luxemburgo, na hipótese de o técnico se recusar a depor no dia marcado. Roberto disse ainda não ter a menor dúvida de que Luxemburgo dificultou propositalmente o trabalho do oficial de Justiça e lembrou que o problema poderia ter sido atenuado se um advogado do técnico apresentasse uma procuração ou uma petição, explicando a ausência e na qual Luxemburgo se prontificasse a atender à convocação tão logo retornasse ao Rio.
De acordo com o procurador, o treinador está pecando por omissão. "O réu chegou a declarar à imprensa que não se furtaria a prestar esclarecimentos à Justiça sobre sua vida fiscal, mas vem fazendo o contrário."
Roberto considerou a atitude de Luxemburgo como "estranha" e admitiu que o técnico está "fugindo das responsabilidades". "Se ele sabe muito bem o que está ocorrendo, por que desapareceu do Rio?", disse.
Na segunda ou terça-feira, o Diário Oficial do Estado do Rio vai publicar o edital de citação de Luxemburgo, obrigando-o a comparecer em juízo. O documento também será divulgado em pelo menos um grande jornal de circulação do Rio.
A decisão de convocar o treinador por meio de um edital foi tomada pela juíza Valéria devido aos indícios de que Luxemburgo estaria ignorando a Justiça na fase inicial de seu processo.
Sumiço - Desde que foi demitido da seleção durante encontro com o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, num clube da zona oeste do Rio, Luxemburgo preferiu isolar-se e evitou entrevistas. Ele solicitou a seu amigo Rodrigo Paiva, assessor do atacante Ronaldo, da Inter de Milão, que avisasse a imprensa sobre o seu afastamento do cargo.
Depois, Luxemburgo teria seguido para o interior de Goiás, em companhia da mulher e de duas filhas. Ele conversou por telefone, nos últimos dias, com o técnico interino da seleção, Candinho, contratado esta semana pelo Corinthians.