São Paulo - "Não sou de fazer lobby, marketing, puxar saco de repórter. Tenho vergonha na cara", costuma dizer Antônio Lopes, escancarando seu estilo durão. Estilo de quem já comandou uma delegacia de polícia no Rio de Janeiro e até hoje conserva um jeito enérgico no trato com os jogadores.
Nos últimos anos, principalmente após ter passado por uma cirurgia no coração, o técnico ficou mais calmo. Antes, não eram raras as cenas de Lopes invadindo campos de futebol para peitar juízes. Anos atrás, em um jogo contra o São Paulo, foi surpreendido por microfones que captaram ordens que dava para seus jogadores. Queria que batessem mais nos adversários.
Lopes aprendeu com o tempo a ser um pouco mais político no trato com a imprensa, adversários e jogadores. "Estou mais tranqüilo, sereno. Aprendi a engolir sapos. Mas só até perceber que estão me sacaneando. Não nasci ontem, quando sinto a sacanagem, reajo pra valer", disse ele na véspera da decisão do Brasileiro de 1997, quando comandou o Vasco para o título contra o Palmeiras.
O rótulo de truculento é rejeitado. "Quem fala que sou truculento não me conhece. As pessoas ficam impressionadas ao saber que fui delegado de polícia, que corri atrás de bandido. No futebol não adianta ser violento, gritar ou coisa parecida. Sou uma pessoa séria e honesta. Não jogo sujo com o jogador, comigo é tudo às claras", disse.
Com 59 anos completados em junho passado, supersticioso, o novo coordenador-técnico da Seleção começou a carreira como auxiliar-técnico no Vasco, em 1974. Foi lá, onde teve outras quatro passagens (91-83, 85-86, 91 e 96-00) que ele conseguiu suas maiores glórias como técnico. Além do Brasileiro/97, levou o time a inédita conquista da Taça Libertadores da América, no ano seguinte.
Trabalhou também em diversos clubes do Brasil, além de Portugal, Paraguai, Emirados Árabes e a Seleção do Kuwait. Antes de 1997, o título mais importante de sua carreira havia sido o da Copa do Brasil, em 92, pelo Internacional-RS. Pelo Vasco também foi campeão estadual em 82, ganhou ainda a Taça Guanabara em 86 e a Taça Rio em 81. Como auxiliar-técnico, foi campeão brasileiro em 74 e estadual em 77.
Saúde complicada - A carreira de Lopes teve de ser interrompida por quase três meses em maio de 1999, quando ele se submeteu a uma cirurgia cardíaca. Na época, fez um teste em uma esteira ergométrica e foi constatada a existência de um problema em sua artéria coronária. Outro exame mostrou uma semi-obstrução na artéria e a necessidade da colocação de uma ponte de safena. Para sorte de Lopes, o problema foi descoberto bem cedo.
Na ausência de Lopes, o Vasco perdeu o Campeonato Carioca para o Flamengo e iniciou sua decadência. O final da `Era Lopes' no Vasco aconteceu com as derrotas na final do Mundial Interclubes, para o Corinthians. Em seguida, pediu um mês para Eurico Miranda. Queria descansar e deixou o comando do time no Torneio Rio-São Paulo, para o auxiliar-técnico Alcyr Portella, que terminou vice-campeão na final contra o Palmeiras.
Depois, foi demitido por Eurico e saiu do clube emocionado, assumindo sua condição de torcedor do clube.
Dias depois, estava no Grêmio, que contratou jogadores como Paulo Nunes e Zinho, manteve Ronaldinho Gaúcho, mas acabou perdendo a final do Campeonato Gaúcho para o modesto Caxias. Foi demitido no início da Copa Havelange.
estreou no Atlético no começo do mês. Em três jogos, duas vitórias e uma derrota.