São Paulo - Mudança radical no perfil da seleção brasileira. O novo coordenador técnico é o delegado Antônio Lopes. O treinador de 59 anos é antítese do discurso pseudomodernista de Wanderley Luxemburgo. Seu maior feito no futebol foi a conquista da Libertadores da América de 1998 com o Vasco.
O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, até cancelou seu vôo para Zurique, onde participaria de um Congresso da Fifa, para acertar tudo com Lopes. O nome só será anunciado oficialmente no começo da próxima semana. As chances de Oswaldo de Oliveira ser o treinador crescem enormente.
"O meu coordenador é Antônio Lopes", decidiu, na sexta-feira, Ricardo Teixeira.
Às vésperas de ser iniciada a CPI do Futebol em Brasília, Antônio Lopes surge até como um símbolo de assepsia. Delegado, sua vida pessoal não pode ser atacada. Não se envolveu em escândalos sexuais ou financeiros durante toda a sua longa carreira. Autoritário, não gosta de jornalistas. A amigos já confidenciou que a maioria da imprensa não sabe o que escreve. Evita dar entrevistas o máximo que pode. Apesar de dispensado por Eurico Miranda no ano passado, sua ligação com o Vasco é muito forte.
O prestígio de Romário até aumentará na seleção. Lopes tem ótima convivência com a maior estrela do futebol brasileiro. O atacante deve ser o novo capitão do selecionado. Dar a faixa a Romário é um dos segredos para ter toda a sua colaboração.
A escolha de Lopes multiplicará a cobrança aos jogadores que atuam no Exterior pela seleção. Havia o consenso que com Luxemburgo, os atletas não se envolviam como deveriam na disputa das Eliminatórias. Como coordenador, ele terá a liberdade de exigir maior empenho das estrelas milionárias que desfilam na Europa. Os líderes Rivaldo, Cafu, Antônio Carlos terão de mostrar um comportamento mais participativo em tudo que acontece com a Seleção. Lopes, nacionalista até a alma, terá carta branca para participar de tudo: das convocações, das escalações e até dos cortes da seleção brasileira.