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Carioca dá lição de vida em paraolimpíada
Segunda-feira, 16 Outubro de 2000, 10h54
Atualizada: Segunda-feira, 16 Outubro de 2000, 11h00

Porto Alegre - Histórias como a das irmãs Mello se repetem entre a delegação paraolímpica brasileira e formam uma característica marcante das pessoas envolvidas nessa comunidade.

Andréa de Mello tem 30 anos e será a representante do país nas provas de esgrima com florete e espada. Até chegar a este estágio enfrentou uma longa caminhada de problemas e rejeições, que foram sendo superados com a ajuda decisiva da irmã, Valéria de Mello. Só com a disposição da irmã de mergulhar em sua vida foi possível a Andréa desenvolver suas aptidões e alcançar a Paraolimpíada de Atlanta, em 1996.

Dificuldade é que não faltou para a carioca. O pé torto congênito foi o primeiro alerta de que Andréa precisaria ser forte para superar muitos obstáculos, como o acidente vascular cerebral que teve aos 20 anos e o acidente de carro que sofreu e lhe provocou uma lesão de coluna medular. Deveria desistir? No caso de Andréa, a resposta foi um positivo não. E graças a ele, a atleta compete a partir desta sexta-feira, 20.

Valéria, a irmã, é professora de esgrima e influenciou o ingresso de Andréa no esporte. Começou, então, uma peregrinação pelos clubes do Rio. Onde ela poderia praticar a esgrima de que tanto gostava. Não havia acesso, os clubes tinham receio de aceitá-la e, mais tarde, verem algum acidente acontecer com ela. O ano de 1993 se esgotou, e veio a decisão da mudança para Nova York. As vidas das irmãs se ligavam cada vez mais e seria esta solidariedade que permitiria a Andréa a realização de seus sonhos.

Um polonês, considerado o melhor mestre de armas de Nova York, mudou a rotina da atleta, tornando-se, definitivamente, seu instrutor e o responsável pelo desenvolvimento de sua técnica. Hoje, as duas praticam sessões diárias e cinco vezes por semana vão à vizinha Nova Jersey para as aulas com o professor polonês. Os primeiros resultados desse programa foram conhecidos em Atlanta: um nono lugar no florete e um 10º na espada, sua arma favorita. Agora, vai enfrentar as representantes da Itália, Alemanha, França e Hungria pela medalha. As européias são as mais fortes neste esporte, mas Andréa está pronta para a briga. Afinal, será apenas mais uma das muitas e difíceis lutas que têm enfrentado.

Zero Hora


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