São Paulo Para Emerson Fittipaldi, não existe a menor dúvida: Gil de Ferran errou na largada do GP da Austrália de Fórmula Indy, na madrugada de domingo, e jogou fora a chance de definir o título da temporada na prova.
Mas o campeão da Indy de 1989 está confiante: "O Gil andou muito bem em Michigan e o oval de Fontana é uma réplica dele; considero ainda o Gil favorito para vencer o campeonato, mas numa corrida de 500 Milhas tudo pode acontecer."
Nesta segunda-feira ainda se discutia bastante a manobra arrojada de Gil de Ferran na largada na penúltima etapa da Indy, em Surfers'Paradise. Logo depois da bandeira verde, iniciando a disputa, o colombiano Juan Pablo Montoya, pole position, e Gil de Ferran, segundo no grid, percorreram lado a lado a reta dos boxes. Na primeira freada, Gil tocou na traseira do Lola Toyota de Montoya, gerando o acidente que causou o abandono de ambos.
"Naquela ânsia de querer ser campeão, o Gil não deu moleza ao Montoya e acabou encostando no seu carro", avalia Emerson. Em 1994, o ex-piloto, hoje promotor e organizador do GP do Brasil da Indy, lembra que cometeu erro semelhante, nas 500 Milhas de Indianapolis.
"Eu vim babando, queria sair colado na traseira do Al Unser Junior e acabei batendo." Na ânsia de querer ganhar a corrida, segundo conta, perdeu o controle do carro. "Com relação à prova de Surfers'Paradise, não sei o que aconteceu, já que eu nunca vi tantos acidentes em uma única prova, parecia uma piada."
Para Emerson, é fácil analisar pela TV, depois do ocorrido, mas Gil errou: "Ele deveria ter deixado o Montoya passar e sair da chicane em segundo, atrás dele." A última etapa do campenato, em Fontana, é ao lado da de Michigan, a competição mais difícil da temporada'.
"Você imagina um carro andando a médias horárias próximas dos 400km/h por 800 quilômetros; as 500 Milhas de Fontana é isso", explica Emerson, vencedor em 1989 e 1993 das 500 Milhas de Indianapolis.
"É uma prova de resistência em que você está o tempo todo no limite, é um estresse bárbaro." São tantas as variáveis que entram na definição do resultado da corrida que sempre há espaço para uma zebra.
"Apesar do ocorrido na Austrália, o Gil erra pouco, sabe acertar muito bem o carro e a Penske é um time fantástico, daí eu acredita mais nele." A vantagem de cinco pontos na classificação para o segundo colocado na classificação, o mexicano Adrian Fernandez, da Patrick, 153 a 148, também poderá ajudar muito o brasileiro.
Matematicamente, seis pilotos têm chances de ficar com o título da Indy: Gil de Ferran, Adrian Fernandez, Paul Tracy, da Green, Kenny Brack, da Rahal, Roberto Moreno, da Patrick, e Jimmy Vasser, da Chip Ganassi, equipe tetracampeã. Nunca na história de quase um século da categoria um campeonato foi tão disputado.