Porto Alegre - Há poucas certezas a respeito do desfecho da aventura olímpica que está começando em Sydney. O Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB) não sabe, por exemplo, qual será o desempenho dos atletas e admite, sim, que é possível uma campanha inferior à de Atlanta, na Paraolimpíada de 1996.
Mas uma certeza existe: chegou a hora de o movimento decolar. A partir da parceria com o Banco do Brasil, o comitê espera que aportem em seu ancoradouro novas alianças, e o país entre na rota dos que desenvolvem um trabalho organizado e produtivo.
Se alguém perguntar ao secretário geral do comitê, Vital Severino Neto, qual o objetivo em Sydney, a resposta está pronta. "Não há pressão para o ouro, não há meta de conseguir um número maior de medalhas do que em Atlanta (duas de ouro, seis de prata e 13 de bronze, no total de 21). Queremos mais em ouro e em prata, mesmo que isso signifique uma diminuição no bronze", diz.
O fato é que existe uma expectativa muito grande pelo ouro, e a própria resposta de Vital contém a contradição da ambição. O comitê aposta forte numa maior qualidade das medalhas. Tem suas razões. Se o apoio do Banco do Brasil e da Embratel, o outro parceiro, for correspondido com as medalhas mais reluzentes, o marketing da Paraolimpíada terá sido bem-sucedido e poderá alavancar novas e gordas receitas para os próximos anos. Estará, então, encerrada a primeira etapa, que começou com a primeira participação brasileira em uma para-olimpíada, em 1972. Depois, veio a década de 80, quando as associações começaram a ser criadas. O ano mais importante, contudo, foi o de 1995, fundação do CPB, implantando o modelo de organização que o Brasil iria seguir.
Sydney é uma passagem para Atenas, em 2004. Vital não gosta nem de lembrar as épocas duras que foram vividas até há pouco tempo, especialmente. E lembra a história de que para o mundial de natação havia 20 nadadores, mas apenas seis puderam ser embarcados com o dinheiro de que dispunha o comitê. O futuro passa pela negociação que haverá com o Banco do Brasil após a campanha de Sydney.
Em Atlanta, foram investidos R$ 2,3 milhões. Para esta paraolimpíada, o valor subiu para R$ 5,3 milhões. Um avanço, se compararmos Brasil com Brasil, e a garantia de um trabalho permanente e sem solavancos para os próximos anos. Mas muito pouco se compararmos o que é feito no Brasil com aquilo que é produzido em outros países, onde existe o investimento privado e a cultura de que o esporte paraolímpico é capaz de ser altamente competitivo e tão importante como o olímpico no retorno que dá em imagens positivas.
Também por isso, o presidente do CPB, João Batista Carvalho e Silva, espera resultados. "Precisamos que nossos atletas sejam referência para outras pessoas portadoras de deficiência a fim de atraí-las para o esporte", explicou.