Rio - O técnico do Atlético-MG, Carlos Alberto Parreira,
negou com veemência nesta quarta-feira que tenha recebido qualquer convite
do coordenador técnico Antônio Lopes ou de outro representante da CBF para
ser técnico da seleção brasileira. Ele reiterou que não é o mais cotado para
o cargo e que, mesmo que fosse chamado, não aceitaria.
”Não sou a bola da vez. Não recebi nenhum convite da CBF e se recebesse
não aceitaria. Lopes é que tem de definir logo esta situação para acabar com
esse clima de insegurança”, reclamou o treinador.
Parreira disse que a pressão exercida sobre o treinador da seleção
brasileira é muito grande e que ele não está disposto a passar por essa
situação novamente.
”Em 94, sofremos uma pressão enorme porque estávamos há 24 anos sem
conquistar um título mundial. Felizmente o título veio, mas aquele tipo de
pressão é traumatizante. Um exemplo é o que passou o Wanderley. Os problemas
pessoais dele só vieram à tona porque o Brasil começou a perder jogos nas
eliminatórias”, afirmou.
O treinador disse não acreditar que essa superexposição do técnico da
seleção tenha levado alguns nomes de peso a desistirem do cargo, como fez
Luis Felipe, do Cruzeiro. Outro fator que ele diz não influenciar na sua
decisão foi o salário oferecido pela CBF, considerado baixo por algumas
pessoas ligadas ao futebol.
”Na faixa que Wanderley Luxemburgo ganhava todos aceitariam. Eu ganhava
dez vezes menos do que ele em 94 e não deixei de realizar meu papel.”
Quando peguntado sobre a condição atual do futebol brasleiro, o ex-técnico
da seleção foi enfático:
”Aqui no Brasil se joga muito. Enquanto não houver uma reestruturação do
calendário brasileiro, acho difícil que o nosso futebol volte a crescer. O
Atlético, por exemplo, jogará 12 vezes em 35 dias. Assim fica difícil
conseguir resultados efetivos num curto espaço de tempo.”