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Doping corre solto no ciclismo
Quinta-feira, 26 Outubro de 2000, 02h07
Atualizada: Quinta-feira, 26 Outubro de 2000, 02h07

PARIS - Sem doping não há resultados. Nenhum ciclista profissional é capaz de vencer uma única etapa das mais importantes provas do circuito internacional como a Volta da França ou da Itália se não consumir substâncias proibidas. A constatação foi feita por autoridades francesas que conduzem em Lille, no norte da França, o processo sobre o uso de drogas no esporte.

Há dois anos, os principais suspeitos, entre eles o campeão francês Richard Virenque, vinham desmentindo a utilização da eritropoietina (EPO) e de outras substâncias como hormônios do crescimento. Na segunda-feira, porém, ele passou a admitir a ingestão de drogas. Imediatamente, outros ciclistas de renome, entre eles o ex-campeão do mundo de 1994, Luc Leblanc, confirmaram ter recorrido a substâncias proibidas. Já Laurent Brochard confirmou no tribunal que foi dopado no dia em que competiu no Mundial de San Sebastián, em 1997, na Espanha.

As revelações vão aumentar as discussões neste esporte, mas também em outros. As comissões de inquérito têm-se multiplicado na Europa, procurando informações, como os medicamentos dados a Ronaldo no período em que jogou na Holanda e na Espanha.

Conivência - O ex- campeão mundial Luc Leblanc denunciou a conivência dos dirigentes, dizendo existir uma "ditadura da União Ciclística Internacional".

Ao confirmar o uso da EPO, substância utilizada para aumentar a quantidade de glóbulos vermelhos no sangue e, conseqüentemente, a capacidade de transporte de oxigênio nas células, Richard Virenque disse que sua carreira profissional ficou comprometida. Para ele, "parar de se dopar é o mesmo que pular de um trem andando". Isso porque se suspender a utilização das drogas o ciclista não terá condições físicas para disputar a vitória com seus adversários que continuam se dopando. A confissão poderá resultar numa suspensão de seis meses a um ano.

Só a equipe Festina, da qual Virenque fazia parte, gastava US$ 50 mil por ano com a compra de drogas. A situação é tão grave que o treinador da Festina entre 1995 e 1998, Antoine Vayer, sugere a suspensão temporária das provas de ciclismo de alto nível até que sejam apuradas as responsabilidades.



O Estado de S. Paulo


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