São Paulo - Todas as previsões de dirigentes dos clubes de que a Copa João Havelange, em sua segunda fase, iria reverter o fracasso de público e a queda da audiência na TV estão seriamente ameaçadas. Com cerca de 75% da fase de classificação realizada, o cenário sugere um fiasco econômico para aquela que deveria ser a mais importante competição do ano no futebol brasileiro.
Se o campeonato terminasse hoje - sem contar o jogo de sexta-feira entre Vasco e Flamengo - sete campeões brasileiros e alguns dos clubes mais populares do País, como Corinthians, Palmeiras, Atlético-MG, Inter-RS e Flamengo, estariam fora.
Isso causaria enormes prejuízos financeiros não só para a TV como para o Clube dos 13, organizador da competição, que investiu cerca de R$ 60 milhões, financiando, inclusive R$ 8 milhões para as equipes dos módulos Amarelo e Verde. No lugar de clubes tradicionais, podem entrar, na segunda fase, agremiações com menor expressão nacional, como Portuguesa, Sport, Ponte Preta, Goiás e Atlético-PR, diminuindo o interesse do público.
Mesmo com a grande diferença de número de jogos entre alguns clubes, equipes como Palmeiras, Flamengo e Atlético-MG têm poucas chances de seguir em frente na competição, segundo dados do matemático Tristão Garcia, da Univesidade Federal do Rio Grande do Sul. Pelos seus cálculos, não há mais possibilidades de o Corinthians classificar-se. Assim, deverá aumentar o prejuízo mensal de R$ 1 milhão que o parceiro do clube, o fundo de investimentos Hicks Muse Tate & Furst (HMTF), está tendo com o futebol.
O presidente do Clube dos 13, Fábio Koff, já adiantou que os prejuízos acumulados até agora totalizam R$ 10 milhões. Na melhor das hipóteses, Koff prevê que, até o final da Copa, as perdas cheguem a R$ 15 milhões.
Para piorar, a audiência da TV Globo, que comprou os direitos de transmissão das partidas por US$ 70 milhões - valor menor do que o pagos pelos campeonatos anteriores - não está atingindo índices satisfatórios para a emissora.
Na partida entre Ponte Preta e Palmeiras, no domingo, às 18h30, a audiência chegou a 19 pontos, quando o esperado no início da competição era de 30. A Globo apostava no futebol para superar o SBT, seu principal concorrente neste horário, o que não está conseguindo.
Por outro lado, a maioria dos clubes passa por séria crise financeira, contabilizando os prejuízos causados pelo baixo número de torcedores que comparecem aos jogos e pelas cotas insuficientes da TV. Atlético-MG, Sport e Santa Cruz não pagam salários a jogadores e comissão técnica há três meses.
No Inter-RS, os atletas ficaram sem receber em setembro.
Nem a boa campanha do Sport foi suficiente para aplacar o rombo financeiro. O Santa Cruz, por sua vez, com um passivo de R$ 20 milhões, amarga a última colocação no torneio e, sem pagar salários, chegou a atrasar o pagamento da hospedagem de alguns jogadores.