Rio - O governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, disse que a polícia pouco pode fazer para evitar mortes como a do torcedor baleado após o jogo entre Flamengo e Vasco, sexta-feira à noite no Maracanã. "Nenhum esquema de segurança será suficiente para conter a violência se a população não se conscientizar que estádio de futebol é local para torcer", disse. "As pessoas não podem ir armadas para o estádio, que é um lugar de alegria. Pode haver dois mil policiais, mas se há um único sujeito bêbado, cheio de cachaça ou cerveja, com uma arma escondida, ele pode tirar a vida de uma pessoa", disse Garotinho. Policiais militares são os suspeitos de terem baleado o torcedor.
O estudante Flávio Augusto Marinho de Araújo, de 14 anos, foi baleado perto do Maracanã. Rodrigo Cunha Coutinho, de 18 anos, também estudante, foi espancado e está internado em estado grave. Os dois eram torcedores do Flamengo. Pelo menos 25 pessoas foram detidas durante a confusão.
Flávio levou três tiros e morreu na hora. Segundo a equipe médica do Hospital Municipal Souza Aguiar, no centro, para onde Coutinho foi levado, ele sofreu politraumatismo e ainda corre risco de vida. João Pereira Lima, de 38 anos, que foi atropelado em frente ao estádio, continuava em observação até o meio-dia deste sábado. Seu corpo foi lançado por jovens no vidro dianteiro de um carro. O hospital divulgou que seu estado é grave. Outras três pessoas foram atropeladas, mas sem gravidade.
Dois mil policiais militares foram mobilizados para a segurança no entorno do Maracanã -três vezes mais do que de costume, informou a Polícia Militar antes do jogo. Quando o jogo começou, por volta das 21h40, uma bomba de efeito moral explodiu na calçada em frente ao estádio, ferindo a torcedora flamenguista Adriana Santos, de 24 anos, sem gravidade. Vários jovens foram apedrejados por torcidas rivais. A 18ª Delegacia Policial (Praça da Bandeira) registrou mais de quinze ocorrências no horário do jogo, entre apedrejamentos de veículos, pancadarias e arrastões.
As constantes brigas entre torcedores vêm preocupando a polícia. Recentemente, os chefes das principais torcidas organizadas do Flamengo, Vasco, Fluminense e Botafogo foram convocados pela Secretaria de Estado de Segurança Pública para realizar um cadastro, a fim de identificar os jovens que provocam pancadarias. No entanto, a violência continua. Há dois meses, o estudante Tiago dos Santos Trinquier, de 18 anos, sofreu traumatismo craniano durante confronto envolvendo 50 jovens das torcidas Jovem Fla e Raça Rubro-Negra, ambas do Flamengo, que havia jogado contra o River Plate.