Rio - Quando parecia que sua carreira estava encerrada, Zagallo voltou ao Flamengo para recuperar o time, cuja confiança parecia perdida. Nas mão do Velho Lobo, o time renasceu depois de cinco derrotas seguidas e venceu as duas partidas sobre seu comando.
Mais do que isso, a goleada contra o Vasco mostrou que Zagallo soube transmitir ao time a garra que marcou a sua passagem pela seleção brasileira. O feito lhe rendeu elogios até do desafeto Romário.
"Não há motivos para comemorar. Só podemos festejar quando chegarmos à classificação."
Apesar da declaração do técnico, a festa rubro-negra na noite de sexta-feira o desmente. Assim como os jogadores, os torcedores voltaram a acreditar que o time formado por estrelas pode cumprir as expectativas que gerou quando foram feitas contratações a peso de ouro.
Zagallo reconhece que a vitória consagradora diante do rival mostrou o que o Flamengo deve fazer para chegar à segunda fase da Copa João Havelange. "O time teve um crescimento muito grande do primeiro jogo para este. Se continuarmos assim, estamos no caminho certo."
Com 26 pontos, o time carioca está na zona intermediária da tabela do campeonato e precisa de três vitórias nos cinco jogos que disputará para ficar entre os 12 classificados.
Os jogadores afirmam que o principal mérito do técnico foi acertar o posicionamento da equipe. Assim como fez na Copa de 1970, Zagallo tentou utilizar as características de cada um para melhorar o rendimento do time. Jogadores como Edílson e Adriano, que não vinham rendendo bem, mudaram de comportamento com o treinador.
"Vinha jogando fora da minha posição e, agora, vou poder ajudar mais ao Flamengo", explicou Edílson. Com Carlinhos, o atacante vinha atuando próximo à área, sem a mobilidade da época do Corinthians. Mais recuado, Edílson teve espaço para executar os dribles e jogadas com os quais se destacou. Adriano cresceu junto com o restante do time, pois passou a receber mais bolas na frente.
Outro mérito de Zagallo foi encontrar a posição ideal para o iugoslavo Petkovic, que se tornou o número um do Flamengo. Um dos poucos que vinham jogando bem, o meia se tornou peça fundamental da nova fase da equipe ao centralizar as jogadas de ataque. Na vitória contra o Vasco, ele marcou dois belos gols. "Este resultado nos dá moral e era o que precisávamos para continuar na disputa do campeonato", enfatizou o iugoslavo.
A influência decisiva do Velho Lobo, no entanto, se deu em relação ao estado psicológico do time, como reconheceu Romário, seu eterno rival.
"É um vencedor e sua presença certamente motivou o time", disse o Baixinho. Antes abatidos, os rubro-negros deixaram de lado as vaidades, pelo menos por enquanto, e passaram a se esforçar. Zagallo demonstrou que sabe lidar com estrelas.
Com o Flamengo, Zagallo revive a sua mística e desfaz os boatos de que está ultrapassado. Ao deixar o campo, após o clássico de sexta-feira, um repórter perguntou se o Velho Lobo estava de volta. "Nem tão velho assim", respondeu.