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Ex-juiz critica profissionalização da profissão
Segunda-feira, 30 Outubro de 2000, 11h56

Rio - O ex-árbitro Cláudio Vinícius Cerdeira, que por oito anos integrou o quadro da Fifa, está pessimista quanto à profissionalização da arbitragem, que será anunciada pela Fifa no próximo dia 10 de dezembro, em Zurique, na Suíça. Para Cerdeira, a Fifa tem que estudar bem o assunto, pois apenas 20 árbitros serão profissionalizados no mundo inteiro, sendo um no Brasil.

"Não sei até que ponto a profissionalização desse único árbitro, que eu ainda nem sei quem será, poderá ajudar a melhorar o nível da arbitragem no Brasil. Não sei até que ponto isto vai auxiliar a arbitragem no país dentro de um aspecto geral", disse.

As constantes pressões que o árbitro sofre no Brasil, partindo de clubes de futebol e federações, também são vistas como complicador da profissionalização. Segundo Cerdeira, o árbitro vai sentir-se inseguro de largar sua profissão original para trabalhar só no futebol.

"Mas se o árbitro deixa de ser escalado por causa da pressão de um dirigente? Como ele fará para se sustentar e sustentar sua família? Isso também precisa ser visto. Eu não largaria meu emprego", afirma Cerdeira, que é engenheiro da Light e comentarista de arbitragem do Sportv.

Outro ponto que Cerdeira considera que vai atrapalhar a profissionalização da arbitragem é a aposentadoria. No Brasil, um homem se aposenta com 65 anos, mas um árbitro só pode apitar até os 45 anos.

"Quando o árbitro parar de apitar, ele ainda não terá conseguido se aposentar. E olha que o limite de 45 anos deverá ser diminuído", disse.

Um árbitro da Fifa recebe uma diária de US$ 150 (aproximadamente R$ 270) por jogo apitado fora do país. Como ele fica três dias a serviço, por jogo, o árbitro ganha US$ 450 (aproximadamente R$ 810) toda vez que é escalado.

"Fazendo um jogo entre Olaria e Bangu um árbitro ganha mais. Mas como cada vez aumenta o número de competições internacionais, ficará difícil para o árbitro escolher entre profissionalizar-se ou não. Mas pelo salário que a Fifa deverá pagar não vejo estímulo, pois acho que este salário será baixo", disse Cerdeira.

Ao todo, 600 árbitros integram o quadro da CBF. Apesar do pessimismo, Cerdeira acredita que a decisão da Fifa poderá servir de estímulo para que o presidente da Comissão Nacional de Árbitros, Armando Marques, possa tentar fazer a profissionalização da arbitragem no Brasil.

"O Armando pode aproveitar a decisão da Fifa para fazer uma experiência nesse sentido aqui no Brasil."

L! Sportpress


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