São Paulo - No Corinthians, a crise pós-parto ocorre durante a gestação. A gestação de Marcelinho. Há exatamente 32 semanas, tempo suficiente para o nascimento de uma criança (um pouco prematura, é verdade), Marcelinho não marca um gol originário de sua maior especialidade, a cobrança de faltas. A última vez foi em 22 de março, quando fez um dos cinco corintianos na goleada de 5 a 2 sobre a Lusa, no Canindé.
“Fiquei um mês e meio machucado. Quando voltei, tive de diminuir os treinamentos. Cobrava 160 faltas por semana e agora cobro uma média de 40”, disse Marcelinho.
“Contra nós, os adversários também evitam as infrações. Nos últimos jogos não teve nenhuma falta na meia-lua”, falou.
O fato pode ser considerado emblemático. Um dos principais problemas do elenco corintiano após o desmanche da equipe campeã mundial tem sido a desmotivação dos atletas remanescentes do time vitorioso. Há seis anos no clube, Marcelinho sempre se notabilizou como um importante trunfo nas jogadas de bola parada (faltas, escanteios e pênaltis). Independentemente do cuidado da equipe adversária, o meio-campista sempre deixou a sua marca registrada nos gols de falta e nunca passou um período tão grande como o atual sem fazê-los.
“Fiz apenas um gol de falta no Campeonato Paulista, mas marquei 13 na competição. Fui vice-artilheiro, mas joguei menos partidas que o França (artilheiro do Paulistão-2000)”, disse Marcelinho.
Hoje, em Porto Alegre, Marcelinho tenta interromper contra o Internacional o período de gestação. Sua e da equipe corintiana. A crise individual do meio-campista se estende ao Timão, que acumula uma seqüência de sete derrotas consecutivas, recorde na história do clube. O técnico Candinho, que assumiu a equipe há menos de um mês, só acumula fracassos por enquanto: quatro derrotas.
A última vitória corintiana foi sobre a Ponte Preta, 1 a 0, em 24 de setembro. Ou cinco semanas e três dias atrás. Tempo suficiente para a gestante já desenvolver uma barriga levemente pontuda.