Rio - O meia Lopes, do Palmeiras, continua negando que tenha feito uso de cocaína. Apesar da prova e contraprova do exame realizado pelo Comitê de Controle de Dopagem da Copa João Havelange terem dado positivo, o discurso do jogador é de inocência.
"Nego, sim. Não usei cocaína", garantiu ele, no começo da tarde desta quarta-feira, por telefone, de Volta Redonda, no interior do Rio de Janeiro.
Lopes, de 21 anos, foi pego no teste realizado no dia 14 de outubro, data da partida contra o Atlético-MG, no Parque Antártica, quando fez o gol da vitória de 3 a 2. Demonstrando nervosismo, ele disse ter viajado para sua cidade natal na noite de terça-feira.
"Eles me liberaram da concentração e eu preferi vir ficar com meus pais. Foi isso."
Evitando entrar em detalhes ele afirmou que ainda não tinha conversado com a diretoria. "Não falei com ninguém. Não sei o que será feito", declarou o jogador, ao ser questionado sobre a defesa no Superior Tribunal de Justiça Desportiva. E acabou com a entrevista: "olha, eu não posso falar mais nada."
Defesa - Contratado pelo Palmeiras para cuidar do caso, o advogado José Mauro Couto também não sabe ao certo quais ações serão tomadas. Segundo ele, é preciso estudar melhor o processo, além de conversar com os departamentos médico e de futebol do clube. "Pretendo usar o feriado para fazer uma reunião, inclusive com a presença de Lopes."
A única decisão é em relação à preservação do jogador, o que significa abrir mão da possibilidade de recorrer da suspensão preventiva de 29 dias. "A própria portaria do MEC (portaria 531 de 10 de julho de 1985) tem o intuito de preservar o atleta. Vamos seguir isso", argumentou o advogado.
Outra posição acertada é de que a defesa não vai contestar a veracidade do teste. Vai, sim, tentar provar que Lopes não atuou dopado. "Os resquícios encontrados na urina estavam metabolizados. Isso quer dizer que o jogador não usou a droga momentos antes da partida." O fato de a cocaína não ser considerada substância que altere positivamente o desempenho em atividades esportivas será outra arma.
O advogado ressaltou que o caso pode ser analisado sob dois prismas: técnico e político. "Do ponto de vista técnico não é difícil. O problema é que a cocaína tem apelo social. O Tribunal pode se aproveitar do fato para passar uma mensagem à sociedade", explicou. Couto foi o responsável pela defesa do ex-corintiano Fábio Augusto, flagrado no antidoping com a substância efedrina.
Surpresa - No Volta Redonda Futebol Clube, onde Lopes começou a carreira, a surpresa foi a mesma demonstrada no Palmeiras. "É complicado acreditar que algo assim tenha acontecido com o Lopes. Ele sempre foi um bom garoto", disse o presidente Maurício Monteiro. O dirigente salientou que o meia nunca apresentou problemas de indisciplina. "Era comportado e não saía à noite. Nem nos vários exames que fez conosco apareceu alguma coisa", esclareceu. E completou: "pode ter sido fraqueza ou necessidade de afirmação."
De acordo com Monteiro, Lopes tem chance de construir uma bela carreira. "Ele foi destaque no Carioca. Recebi diversas propostas, inclusive da Parmalat e do Botafogo. Mas tinha acertado prioridade com o Léo Rabelo (empresário) e vendi o passe para ele por R$ 1 milhão, em maio", contou. Hoje, Lopes pertence ao Palmeiras.