The Times
LONDRES -
Pelé foi a grande atração do evento que marcou a despedida do Estádio de Wembley, que será demolido para a construção de uma nova e moderna instalação esportiva. "O templo sagrado vai cair", observou o ex-jogador, que nunca jogou uma partida no estádio, mas teve a honra de marcar o último gol do "santuário", na terça-feira.
Muitas pessoas importantes compareceram ao evento, mas nenhum deles brilhou tanto como o brasileiro. Em uma semana em que o novo técnico da seleção da Inglaterra, o sueco Sven-Goran Ericksson, foi o tema de conversa geral, Pelé explicou que a sua fama não diminuiu porque não aceitou nenhuma das propostas que recebeu para ser técnico ou manager. "Não sou louco para me tornar técnico", afirmou. "Durante 30 anos todos gostaram de mim e me respeitaram, e as portas abriram-se no mundo inteiro", prosseguiu. "Se me tornasse técnico, teriam me matado ao fim de dois meses."
Pelé tem sua idéias - e elas soam como uma condenação dos homens que escolheram Kevin Keegan para ser o manager da seleção inglesa e da política de escolha adotada por Keegan. "No Brasil, muitos jogadores bons tentaram tornar-se técnicos, mas isso não dá certo, por alguma razão", lembrou. "Às vezes pessoas que não foram jogadores brilhantes são melhores treinadores."
Se uma pessoa é tão jovem quanto se sente, Pelé tem 25 anos, embora na verdade tenha 60. "Tenho sorte", disse Pelé. "Sempre tive uma saúde estável", prosseguiu. "Quando me aposentei, no Cosmos, há 20 anos, pesava 79 quilos e hoje peso 82 ou 83."
O "atleta do século" tem sonhos. "Pretendo iniciar um jogo de futebol no Maracanã quando estiver com 100 anos", comentou. Quando isso ocorrer, o novo Wembley poderá estar pronto para que ele possa marcar o primeiro gol lá, também.