São Paulo - Poucos jogadores resistiriam a vaias, ofensas dos torcedores e críticas da imprensa por alguns meses. O volante Galeano, contudo, teve de conviver com a fama de desafeto dos palmeirenses por 11 anos até tornar-se um atleta de respeito. O reconhecimento demorou, mas ocorreu.
Neste segundo semestre, ele conseguiu ganhar, de vez, a confiança da torcida, principalmente porque é um dos líderes de uma equipe formada por jovens jogadores. Contra o Cruzeiro, teve atuação brilhante e foi um dos grandes responsáveis pela classificação da equipe para as semifinais da Copa Mercosul. Marcou um gol e salvou outro ao atirar-se, com a cabeça, em direção à bola.
"Prata-da-casa no Brasil sofre muito preconceito, mas, mesmo assim, no Palmeiras entra craque, sai craque e eu sempre estou no time", desabafou o jogador. "Agora, estou num momento muito bom, feliz no Palmeiras, e a torcida está me apoiando bastante."
Entre gols e pisadas de bola, Galeano, de 28 anos, faz história no Palmeiras. Está no clube desde 1989, quando foi promovido ao profissional pelo técnico Emerson Leão. Sua estréia foi em 22/10 daquele ano, contra o Fluminense, no Maracanã. O Alviverde venceu por 1 a 0, com gol de Paulinho Carioca. "Foi um privilégio poder estrear pelo Palmeiras em pleno Maracanã." Os títulos foram muitos: Campeonato Paulista, Brasileiro, Torneio Rio-São Paulo e Libertadores, entre outros de menos expressão.
Embora sempre tenha jogado como volante, Marco Aurélio passou a utilizá-lo como zagueiro neste semestre. E o aprovou. "Para mim, o Galeano é o titular da zaga, atualmente é essa sua posição", afirmou o treinador. "Estou gostando muito de jogar na defesa e crescendo a cada jogo", confirmou o jogador. Na partida desta sexta à noite, contudo, Galeano terá de jogar no meio-de-campo, por falta de opção de Marco Aurélio. E terá a dura missão de marcar os habilidosos jogadores do Vasco, como Juninho Paulista, Juninho Pernambucano e Romário. "O Vasco tem um grande conjunto, craques e, por isso, não poderemos nos descuidar em nenhum momento." No domingo, contra o Bahia, voltará para a defesa.
Se não fosse o excesso de paciência, Galeano não estaria mais no Palmeiras. Em julho, seu contrato terminou e a diretoria demorou para chamá-lo para uma conversa. O volante estava com o Palmeiras no Nordeste disputando a Copa dos Campeões. Jogou duas partidas e continuou com a delegação mesmo sem poder entrar em campo, por causa do contrato. Comemorou o título como se ele mesmo tivesse feito o gol da vitória, na final, contra o Sport. "Fiquei para dar uma força aos companheiros." Quando o Palmeiras retornou a São Paulo, Galeano começou a discutir a renovação com os dirigentes. Só acertou depois de dois meses, mas fez questão de permanecer no clube.
Lopes - O meia voltou, hoje, aos treinamentos, mas não quis dar entrevistas. "Antes de conversar com o meu advogado, não vou me pronunciar. Até agora, não falei com ninguém."