Belo Horizonte - O piloto mineiro Bruno Junqueira nem bem sentou ainda no cockpit do carro de sua nova equipe, a Ganassi, e já começa a sentir profundas diferenças entre a Fórmula Indy e a F-1. Após acompanhar o GP de Fontana, que marcou o encerramento da Indy 2000, Junqueira ficou surpreso com a filosofia de trabalho das equipes participantes.
“Me surpreendi quando vi os pilotos, após o primeiro dia de treinos, fazendo uma festa, de banho tomado, roupa limpa, brincando de teatrinho, de Hallowen, das 18 horas até às 22h30. Na Fórmula 1, os pilotos não saem do circuito antes das 22 horas. Comíamos no próprio motorhome da equipe. É tudo tão louco que passamos a achar normal", disse.
Junqueira viaja hoje para Indianópolis (EUA), sede de sua equipe, e na próxima terça e quarta realiza os primeiros testes com o carro, no circuito de Nazareth. Ontem, o piloto, campeão do Mundial do F-3000 neste ano, deu em BH a primeira entrevista após a oficialização de sua ida para a Fórmula Indy.
Bruno Junqueira confirmou que seu propósito é usar a Indy como trampolim para a F-1, especificamente para a Williams, para quem foi piloto de testes neste ano e que mantém boas relações com a Ganassi. Mas não descarta a possibilidade de permanecer na categoria. “De repente, posso gostar mais da Indy e não querer mais voltar para a F-1", observa.
O piloto pondera que uma possível transferência para a F-1 não irá depender só dele: “Dependerá, entre outras coisas, do carro e do momento ideal". Junqueira prefere não criar expectativas em relação ao seu primeiro ano na categoria. Condiciona também a sua performance à evolução do carro, que estreou neste ano motor e chassi novos.
“A Ganassi foi tetracampeã, entre 1996 e 1999, com chassi Reinard e motor Honda. Com a mudança, neste ano, o Montoya ficou em nono lugar, devido às dificuldades para acertar o carro com chassi Lola e motor Toyota. Apesar disso, a Ganassi mostrou que tem uma excelente equipe, pois conquistou três vitórias no ano", analisa.
Com a fase de transição da equipe, Junqueira conta que foi assediado pela Ganassi devido à sua fama de bom acertador de carro. “O Montoya é um bom piloto, rápido, mas não é bom acertador. Por causa disso, o progresso da equipe não foi grande", assevera Junqueira.
Mas, para ganhar dinheiro, Junqueira terá que ganhar provas e conquistar boas colocações. Ele explica que, ao final do campeonato, o piloto acaba ficando com apenas 20% de tudo o que ganhou. É que 40% vão para a equipe e outros 40% para o Imposto de Renda. O prêmio por prova é de US$ 100 mil.