São Paulo - O cenário do primeiro treino da seleção brasileira sob o comando de Émerson Leão, nesta segunda-feira, foi um retrato do atual estágio do futebol brasileiro. O Pacaembu, que já foi um dos principais cartões-postais da cidade de São Paulo, apresentava um aspecto de abandono.
Mesmo sem ter sido palco de nenhum jogo no fim-de-semana a sujeira predominava pelas escadarias do estádio.
Cascas de amendoim, copos de plásticos e garrafas acumulavam-se e atrapalhavam os poucos torcedores que compareceram para ver a equipe brasileira. Os torcedores mostravam sua indignação com o tratamento que o estádio vem recebendo.
Os corintianos, principalmente. "Fico triste porque o Pacaembu é como minha casa", disse o estudante de publicidade Leonardo Chamas, de 20 anos. "Não dá nem prazer em vir aqui para assistir futebol."
Enquanto jogadores que valem milhões de dólares movimentavam-se pelo gramado, o reflexo do descaso das autoridades municipais surpreendia àqueles que pisavam no estádio pela primeira vez. Era o caso dos jogadores da seleção principal de rugby do Peru, que se instalaram nos alojamentos do estádio. "Falta limpeza nos quartos, que são pequenos e apertados", observou Attilio Scotto, de 26 anos. Ele contou que os quartos possuem 12 camas cada um. "É muito abafado, ainda mais com este calor."
Para ele, o estádio tem uma manutenção pior que a do estádio Nacional, de Lima. Scotto também não entendia a pouca presença de público, mesmo o treino sendo na manhã de uma segunda-feira. "Supunha que, pela paixão do brasileiro pelo futebol, haveria muito mais pessoas."
Havia, no entanto, os que nem se importavam com as condições do Pacaembu e estavam mais preocupados em acompanhar a movimentação dos jogadores. "O negócio é a seleção mostrar futebol dentro de campo," destacou. "Acredito que a seleção de Camarões treina em um lugar pior do que este," completou, referindo-se ao time campeão olímpico, que eliminou a seleção brasileira nas quartas-de-final da Olimpíada de Sydney.