São Paulo - O esquema defensivo da Colômbia e o desentrosamento entre os jogadores de ataque impediram a seleção brasileira de impor o futebol-bailarino proposto pelo técnico Emerson Leão dentro de campo. Mas o time não deixou de ter a marca do técnico, lutando até o último minuto pela vitória por 1 a 0 sobre a Colômbia, nesta quarta-feira pelas eliminatórias sul-americanas, no estádio do Morumbi.
O técnico Leão assistiu à partida ao lado do coordenador Antônio Lopes e só deixou de lado o semblante fechado quando comemorou o gol de Roque Júnior, mandando beijos para a torcida que o apupou durante o jogo.
Ao chegar ao camarote nº 1 do estádio do Morumbi, Leão estava tenso. Apesar das tentativas de mostrar ares de cordialidade durante os treinamentos, o técnico, em sua estréia pela seleção, voltou a mostrar sua personalidade forte e sisuda, como nos tempos de jogador.
Estava cercado de dezenas de seguranças, alguns da Federação Paulista de Futebol, outros de uma empresa particular. O esquema de segurança era mais rígido até do que o utilizado quando o presidente da República comparece a uma partida de futebol.
Emburrado, Leão chegou a pedir para os seguranças impedirem que fossem tiradas fotografias. Não gostou nada quando ouviu a reclamação de um jornalista sobre sua atitude e fez um olhar de ira e reprovação, ameaçando xingar o repórter antes de entrar no camarote.
Ao lado de Lopes, Leão permanecia compenetrado, dirigindo-se poucas vezes ao preparador de goleiros, Pedro Santilli, que o substituía no banco de reservas devido a uma suspensão imposta por um tribunal da CBF. Quando falava, por meio de um rádio, sempre referia-se aos problemas de cobertura pelo setor esquerdo.
Mostrava insatisfação com a colocação do volante César Sampaio, que não ocupava o espaço deixado pelo lateral Júnior quando este avançava. Impassível, o único momento em que se ajeitou na cadeira foi quando o goleiro Rogério foi cobrar uma falta nas proximidades da área colombiana. Durante a partida os jogadores procuraram fazer o que o técnico pediu.
Os jogadores até que tentavam seguir as determinações que o técnico passou durante os dois dias de treinamento. Os meias Juninho e Rivaldo movimentavam-se em busca das tabelas com os atacantes França e Edmundo. A dupla de ataque, por sua vez, procurava soltar a bola com rapidez, conforme as orientações do técnico. Pelas laterais, Cafu e Júnior avançavam alternadamente.
E, a pedido de Leão, Lúcio e Roque Júnior subiam ao ataque no momento dos escanteios e até criaram jogadas de perigo. Deu certo com o gol de Roque Júnior. "As bolas paradas sempre foram importantes e costumam decidir muitas partidas", observou o técnico, sobre a atenção que ele dá a este tipo de lance.
Ao descer rapidamente para o segundo tempo, o técnico fingia não ouvir as perguntas dos jornalistas. Sem falar uma palavra, desceu nervoso, escutando as vaias dos torcedores. Sempre vaidoso, o técnico permaneceu em silêncio no segundo tempo quando ouviu os gritos de "burro" da torcida assim que substituiu Edmundo por Marques. Mostrou também seu descontentamento com o ataque, ao tirar posteriormente França e colocar o jovem Adriano.
As substituições, mesmo buscando uma maior poderio ofensivo para o time, não surtiram efeito. Para chegar à vitória, a equipe dependeu muito mais da determinação do que da técnica dos jogadores. Logo depois de comemorar como uma criança o gol do Brasil, Leão levantou-se e desceu para os vestiários. Em segundos voltou ao velho semblante. Parecia insatisfeito com o resultado.