Brasília - O ex-técnico da seleção brasileira e atual treinador do Flamengo, Mário Jorge Lobo Zagallo, creditou a um "embaralhamento" do médico Lídio Toledo as informações desencontradas sobre o horário em que foi avisado do problema médico do atacante Ronaldo, da Internazionale, de Milão, antes da decisão da Copa do Mundo de 1998. "Perguntaram ao Lídio, ele não sabia o que falar e chutou meia hora", afirmou, referindo-se ao depoimento de Lídio à CPI da Câmara dos Deputados, que investiga o contrato da Nike com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
Para explicar o "mal entendido", Zagallo revelou ter sido comunicado do episódio envolvendo Ronaldo pelo ex-assessor de comunicação da CBF, Nélson Borges, às 17 horas, do dia da decisão do Mundial entre Brasil e França. E não às 14h30 como declarou o médico.
Borges explicou que, por não ter visto o treinador na hora do tumulto e nem depois da confusão, o aguardou às 17 horas à porta do alojamento, onde estava concentrada a seleção, a fim de evitar seu encontro com os jogadores sem saber do fato. "Pressenti que ele não sabia de nada e, por isso, o esperei para lanchar. No caminho para o restaurante, indaguei se ele sabia do ocorrido com o Ronaldo. Surpreso, ele disse que não."
Zagallo acrescentou que os deputados lhe deram uma cópia do contrato da CBF com a Nike, mas ele ainda não se interessou em estudá-lo. Para o treinador, não compete a um técnico da seleção brasileira este tipo de assunto administrativo, principalmente porque o tema jamais interferiu em seu trabalho.
O ex-treinador reafirmou, ainda, todas as declarações feitas em seu depoimento na CPI da Nike, terça-feira, e se colocou à disposição dos deputados para prestar novos esclarecimentos. No entanto, Zagallo acredita que uma nova ida à CPI em nada acrescentará às investigações. "Falei a realidade, mas parece que os deputados queriam ouvir outro tipo de declaração."