Lisboa - O resultado mais importante da viagem dos dois deputados da CPI do futebol a Portugal não deve sair das reuniões com as autoridades portuguesas. "Recebemos ontem (quarta-feira) um telefonema do sócio espanhol do empresário uruguaio Juan Figer, que se chama Hermínio Menendez, e ele vem a Portugal para revelar o nome da pessoa que forneceu os passaportes para três dos jogadores", contou Pedro Celso (PT-Brasília). O encontro deve ocorrer nesta sexta-feira.
Menendez, que se encontra na Espanha, virá acompanhado de seu advogado: "Ele não quis revelar os nomes pelo telefone. Mas disse que foi um português quem forneceu os passaportes para o Edu, o Warley e o Alberto", afirmou Pedro Celso.
Ainda não há hora marcada para a reunião com Menendez. Pedro Celso e o deputado Jurandil Juarez (PMDB-AP) estão esperando um contato para saber a que horas e onde vai ser a reunião. "Ele vai contar toda a verdade sobre como funciona quadrilha de falsificação de passaportes", confia Celso. Além de falar com os dois deputados, Menendez deverá falar também com a polícia portuguesa.
Nesta quinta-feira, o primeiro compromisso oficial de Celso e Juarez foi uma reunião com o cônsul do Brasil em Lisboa, Pedro Mota. "Há alguns brasileiros que estão presos por falsificação de documentos, mas não têm nenhuma relação com o futebol. Esses passaportes falsos era utilizados para tentar emigrar para os Estados Unidos", disse Mota, após o encontro.
O segundo encontro oficial foi com o diretor do gabinete da Interpol em Portugal, Chaves de Almeida. No entanto, os deputados brasileiros não conseguiram muitas informações: "O contato com a Interpol em Portugal tem de ser feito através da Interpol brasileira. Ligamos para o deputado Aldo Rebelo, o presidente da CPI, e ele vai fazer um documento para a Interpol brasileira pedir as informações à Interpol portuguesa", disse Juarez.
Apesar de o primeiro caso de jogador com documento falso ter ocorrido em julho - quando Edu tentou entrar na Inglaterra para jogar no Arsenal -, a investigação não avançou muito. "Não há mandatos de prisão ou pedidos para interrogar pessoas em Portugal", revelou Pedro Celso, após sair da sede da Interpol portuguesa.
No fim da tarde desta quinta-feira, os dois deputados estiveram na sede da Polícia Judiciária, para se encontrarem com o diretor geral da instituição, Luís Bonina.
Nesta sexta-feira, a agenda prevê um encontro com o diretor do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, Antônio Lencastre Bernardo, e com o vice-presidente do parlamento português, Octavio Teixeira. A partir de janeiro, o Serviço de Estrangeiros passa a controlar todas as emissões de passaportes portugueses.
No domingo de manhã, os deputados seguem para a Itália, onde vão falar com as autoridades sobre o caso dos passaportes - a maior parte dos documentos falso detectados foi com jogadores que estavam no Campeonato Italiano.